segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Dia em que Matei o meu Pai (Mário Sabino)

Perturbador, é o mínimo que se pode dizer deste livro, onde os pensamentos se entrecruzam para definir uma mente que, se às vezes nos parece louca, outros momentos tem em que surge como humanamente atormentada. O protagonista, que é também o narrador, inicia o seu relato com a forma como matou o seu pai. Os segredos, contudo, estão bem ocultos ao longo da narrativa, e vão sendo desvendados, pouco a pouco, através das estranhas e perturbadoras conversas que o narrador mantém com a sua analista.
São demasiados os temas abordados ao longo deste livro para que o leitor possa ficar indiferente. A religião, a filosofia, a instabilidade da própria natureza humana na sua ocasional insanidade. E, à medida que vamos conhecendo os motivos e as reflexões do narrador, ainda que, muitas vezes, este nos enrede numa teia de enganos, vamos deixando de ver o assassino para ver o homem torturado, perturbado pelo seu passado ao ponto de não ter qualquer retorno nas acções a cometer. E, quando, ao chegar ao último capítulo, toda a verdade parece ter sido revelada, somos ainda surpreendidos com um final surpreendente, mas principalmente perturbador na violência que exerce sobre o pensamento do leitor.
Um livro forte, perturbador, por vezes assustador e uma leitura para não esquecer durante muito tempo. Contra-indicado para espíritos mais sensíveis, não deixo de o recomendar a todos os que apreciem um livro para reflectir.


1 comentário:

  1. Tenho este livro na Wish liste e penso comprá-lo brevemente.
    Gostei da tua opinião.
    ;)

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