sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Intervenção (Robin Cook)

Depois da realização de uma autópsia que aponta para os perigos de certas práticas da medicina alternativa, Jack Stapleton decide investigar profundamente o que leva as pessoas a dirigir-se a esses "falsos médicos", colocando em risco as suas vidas. Num outro ponto do mundo, Shawn, seu amigo de juventude, descobre inesperadamente um segredo que poderá abalar as fundações da Igreja Católica e - o que ele considera mais importante - derrubar a arrogância do arcebispo de Nova Iorque, também um companheiro dos tempos de juventude. Estas investigações, contudo, não serão de todo fáceis e os problemas acabarão por surgir.
Indicado como o fundador do thriller médico, neste livro Robin Cook envereda por um caminho algo diferente. Apesar de um início que promete explorar consideravelmente as diferenças entre a medicina convencional e a medicina alternativa, este tema acaba por ser esquecido algures ao longo da obra, quando os elementos religiosos e místicos tomam posse da investigação. E, se ambos os temas são bastante interessantes, é pena que o autor tenha deixado cair, quase sem conclusão, a temática das medicinas alternativas, porque prometia também uma história promissora.
Não pretendo com isto dizer que Intervenção não tenha pontos positivos. A escrita viciante com que o autor nos conduz ao longo do enredo, a forma como nos apresenta - sem se tornar demasiado exaustivo - vários elementos históricos e mitológicos e o desenvolvimento das relações entre os personagens - nomeadamente a amizade entre os "três mosqueteiros", a forma como Jack e Laurie lidam com o cancro do seu filho bebé e o estranho casamento de Shawn e Sana. Além disso, num final que era bastante fácil de intuir, o autor consegue inspirar alguma vida, pela forma invulgar como os acontecimentos se processam, quer ao referir o fanatismo religioso, quer, por outro lado, ao colocar provas de fé em personagens descrentes.
Um livro, em suma, bastante diferente do que seria de esperar de Robin Cook, mais afastado do thriller médico e a tender mais para o estilo de Dan Brown. Ainda assim, um livro que entretém, que vicia e, portanto, uma leitura que apreciei.

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