terça-feira, 4 de maio de 2010

Blasfémia (Douglas Preston)

Liderada por North Hazelius, uma equipa de cientistas opera, em Red Mesa, o supercomputador Isabella, um projecto com o objectivo de recriar o momento do Big Bang. Mas algo parece estar errado na experiência, já que, a cada ensaio repetido, o que se alcança é afinal a presença de uma estranha imagem no monitor e uma misteriosa mensagem. Para piorar a situação, este projecto chama a atenção de um grupo de fundamentalistas cristãos que julgam blasfema a tentativa de provar uma teoria da criação onde Deus não esteja presente. Quem vencerá no que parece ser um confronto inevitável? Ciência ou religião?
Uma escrita bastante envolvente e uma exposição bastante clara de elementos que podem gerar alguma confusão (particularmente no que refere aos aspectos ligados à física), aliados a um grupo de personagens interessantes e diversificadas são, sem dúvida, os pontos fortes deste livro. O autor apresenta temas polémicos, como o confronto entre ciência e religião (e fundamentalismo religioso, em particular), sem que o ritmo nunca se torne demasiado monótono. A partir dos primeiros capítulos, mais explicativos, a leitura é, de modo geral, bastante envolvente. Além disso, os principais intervenientes nesta história, têm todos um passado marcado e com falhas (o que os revela enquanto humanos), mas não se limitam a esse aspecto. Ambos os grandes responsáveis pelo problema final são, na verdade, indivíduos cujas ambições e perturbações são relatadas de uma forma impressionante.
Aspectos eventualmente menos agradáveis... Na sua ânsia de desenvolver o aspecto fundamentalista da religião, o que se compreende tendo em conta o culminar do enredo, o autor acaba por, por vezes, passar a impressão de que os crentes em geral são fundamentalistas, o que se revela como uma generalização um pouco excessiva.
Não sendo o meu livro preferido deste autor, em grande parte devido a esta generalização e a alguns momentos do passado dos personagens que parecem ter sido deixados por explorar. Foi, ainda assim, uma leitura viciante, bastante interessante e sem grandes momentos de monotonia. Gostei.

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