sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Floresta de Mãos e Dentes (Carrie Ryan)

Mary não conhece outro mundo que não o delimitado pela cerca que separa a sua aldeia da Floresta de Mãos e Dentes. Mas, pouco depois de a sua mãe ser infectada e libertada na floresta, Mary descobre uma estranha na Irmandade, sinal de que talvez exista um mundo para lá da Floresta. De que o mar que a mãe insistentemente descreveu nas suas histórias pode ser real.
O que mais me chamou a atenção neste livro foi a intensidade com que são apresentadas as situações de perda. A narrativa é feita na primeira pessoa, do ponto de vista de Mary, o que leva a que as situações mais dramáticas sejam sempre pautadas pelo ritmo das dúvidas e emoções que invadem o pensamento da jovem. E se isto resulta num menor desenvolvimento das personagens, deixando por vezes a sensação de que muito pouco é dito sobre importantes intervenientes na história, as dúvidas e as crenças de Mary estão muito presentes a cada passo da sua caminhada.
Também muito intrigante o sistema que se estabeleceu na aldeia, onde os Guardiães desempenham um papel importante na protecção das gentes enquanto as Irmãs guardam os seus segredos. E este elemento é particularmente interessante na medida em que a resignação à ignorância proclamada pelas Irmãs se opõe à avidez de Mary por encontrar respostas e descobrir a verdade, sendo esta mesma oposição a razão que levará Mary a descobrir alguns dos segredos da Irmandade.
Destinado essencialmente a um público jovem adulto, este é um livro que se centra bastante nas dúvidas e emoções da protagonista. Com uma escrita simples, mas bastante interessante, a autora intercala alguns momentos de acção intensa (principalmente nos primeiros capítulos e, depois, na fase final) com um forte desenvolvimento dos sentimentos e dilemas de Mary. E se estes podem, por vezes, parecer um pouco inadequados (em particular no que toca à sua relação amorosa com Travis, que acaba por ser pouco explorada), outras situações há em que o elemento emotivo contribui em muito para a ligação entre história e leitor.
Uma leitura leve, em suma, bastante agradável, ainda que deixe, por vezes, a impressão de que podia ser mais desenvolvida. Para quem procura uma história simples, mas cativante e com uma força emocional bastante intensa, este será provavelmente um livro adequado. Gostei.

3 comentários:

  1. Concordo em grande parte com o que dizes sobre o livro.
    Excelente opinião.

    ResponderEliminar
  2. A história base parece-me um pouco semelhante ao filme A Vila, será verdade? A sinopse não me agradou muito mas gostei da tua opinião.

    ResponderEliminar
  3. Concordo com a Patricia,me lembrou A Vila que por sinal,ficou até hj muito vaga a história,porém gostei da sua opnião,ela foi empurrão que faltava pra uma boa leitura.

    ResponderEliminar