segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Descobri que te Amo (Ann E. Cannon)

Ed McIff trabalha num clube de vídeo. Mas a sua identificação tem outro nome: Sergio. Desde sempre que ele e Scout tentam imaginar possibilidades interessantes para a vida desse Sergio que em tempos teve o mesmo emprego que Ed. Mas há uma pequena grande diferença entre imaginação e mentira e quando Ellie Fenn entra no clube de vídeo pela primeira vez, Ed e Sergio confundem-se e começa assim toda uma história de sentimentos confusos e mal-entendidos. Porque Ed julga que ama Ellie. Mas não sabe que a sua melhor amiga também gostaria de ser mais que isso para ele...
Leve e divertido, este é um livro que cativa principalmente pela sequência de situações peculiares que vão surgindo ao longo do enredo. Sem grandes elaborações e com um sentido de humor cativante, a autora vai criando as mais improváveis circunstâncias em volta dos quatro jovens que protagonizam esta história. Ed, o rapaz inseguro que imagina filmes improváveis quando se vê numa situação estranha e que encontra na figura de Sergio o indivíduo (demasiado) confiante que gostaria de ser. Scout, a melhor amiga, com ares de maria-rapaz, mas que, no silêncio do seu quatro, se perde nas linhas improváveis de um bom romance de cordel. Quark, o vizinho obcecado com a ciência que muda por completo quando descobre o amor. E Ellie, a recém-chegada, que procura nos novos conhecimentos uma forma de esquecer o passado.
É curiosa a forma como as ligações emocionais vão sendo exploradas ao longo desta história. Num livro que se caracteriza fundamentalmente por um tom leve e descontraído, é interessante descobrir que, entre o humor associado às múltiplas confusões causadas (em grande parte) por Ed e pelo seu alter-ego Sergio, há momentos breves, mas de uma força emotiva marcante, principalmente na inevitável necessidade de escolher entre o amor e a amizade. São estes breves momentos, afinal, que dão a esta história divertida a medida certa de material para reflectir.
Uma leitura leve, marcante pela simplicidade com que tanto os momentos mais caóticos (e divertidos) como as emoções mais complicadas são apresentadas, sem perder de vista o humor descontraído, mas mantendo presente a força dos sentimentos que verdadeiramente importam.

Convite

Novidade Sextante

«Este romance-quase um diário, ou diário-quase romance, como queiram, nasceu de um blog em que quase por desfastio comecei a escrever. Com o passar do tempo (demorei alguns anos), verifiquei que entre leituras de outros ou de outros sobre o que eu ia escrevendo, discussões literárias atravessadas por episódios do quotidiano, nacional ou mundial, iam emergindo personagens vindas do Longe que se tornavam cada vez mais próximas. Algumas dessas personagens chegaram mesmo a materializar-se e acabei por conhecê-las aqui, nesta Lisboa de eterna sedução, que o Fado embala.»

Yvette K. Centeno nasceu em Lisboa, em 1940, numa família de origem germano-polaca. É casada, tem quatro filhos, e em sua casa a música e a literatura estiveram sempre presentes. Licenciou-se em Filologia Germânica com uma dissertação sobre O homem sem qualidades, de Musil, e doutorou-se com uma tese sobre A alquimia no Fausto de Goethe. É desde 1983 Professora Catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde fundou o Gabinete de Estudos de Simbologia, actualmente integrado no Centro de Estudos do Imaginário Literário. Ainda em estudante interessou-se por teatro, escreveu peças e rábulas, fundou o CITAC em Coimbra. Tem publicado literatura infantil, ensaio de investigação, poesia, teatro e ficção, com romances como Três histórias de amor (1994), Os jardins de Eva (1998) e Amores secretos (2006), tendo parte da sua obra traduzida em França, Espanha e Alemanha. Entre os autores que traduziu contam-se Shakespeare, Goethe, Stendhal, Brecht, Celan e Fassbinder.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O Alquimista (Michael Scott)

Sophie e Josh são gémeos. Sempre fizeram tudo juntos e o acaso até fez com que trabalhassem bem perto um do outro. Mas há uma ligação mais forte, que nem eles conhecem... e que vão descobrir quando um estranho visitante entra na livraria de Nick Fleming e coisas estranhas começam a suceder. Os gémeos descobrem, assim, que a magia existe e que o excêntrico livreiro é afinal Nicholas Flamel, o alquimista, que os vai conduzir através de uma aventura cheia de perigos e de acção. Porque agora que o Códex caiu nas mãos erradas, o mundo pode estar à beira da destruição.
O mais interessante a referir neste livro será, sem dúvida, o cruzamento de diferentes mitologias, lendas e até factos históricos. Mais até que os poderes de Nicholas e Perenelle Flamel enquanto Imortais, chama a atenção o aparecimento de deusas como Morrigan, Hekate e Bastet numa abordagem bastante diferente da das suas mitologias originais. E acabam por ser estes elementos, misturados com as histórias de vida dos principais oponentes humanos (Flamel e John Dee) a manter constante a curiosidade em ver o que irá o autor criar a seguir.
A acção é constante. Há uma necessidade de fuga presente ao longo de toda a história, o que faz com que elementos descritivos sejam escassos e pouco aprofundados. Assim, fica, principalmente na fase inicial, a sensação de que as coisas estão a acontecer demasiado depressa. Há, ainda assim, uma evolução positiva do ritmo com o decorrer da história e a relação entre contextualização e acção acaba por se tornar mais equilibrada numa fase mais avançada da leitura.
Um livro interessante, ainda que o início turbulento deixe a sensação de que mais haveria a dizer nalguns aspectos do enredo. Ainda assim, um início de série cativante o suficiente para deixar no ar a curiosidade em saber o que se seguirá.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Jardim dos Segredos (Kate Morton)

Todas as famílias têm os seus segredos. Mas os de algumas estendem-se ao ponto de marcar várias gerações. É o caso da origem de Nell, um mistério entrelaçado nas vidas e nas dificuldades de três mulheres, distantes no tempo, mas mais próximas do que qualquer delas, por si só, poderia imaginar. Uma criança abandonada num barco rumo a um destino distante. Uma mulher em busca das suas verdadeiras origens. E, mais tarde, a neta desta mesma mulher em busca do mistério por detrás de uma herança inesperada. E tudo isto ligado a uma autora de contos de fadas... com uma história que será tudo menos um conto de fadas.
A verdade é que não sei por onde começar a explicar o que me fascinou neste livro. Há tanto de maravilhoso nesta história - ou teia de histórias - que se torna difícil organizar correctamente as ideias. Mas algum ponto terá de ser o primeiro e, por isso, vou referir antes de mais o mais estranho e cativante deste livro. Temos protagonistas diferentes em épocas diferentes e a autora alterna constantemente entre essas diversas épocas, acompanhando o percurso de cada uma das mulheres. E é claro que isto parece uma ideia complexa e que o resultado poderia ser algo de confuso, mas o facto é que não é. De situação em situação, percorrendo os diferentes momentos da linha temporal de forma a criar e a manter um ambiente de constante mistério, a autora cria um percurso envolvente, um estímulo à curiosidade em conhecer mais destas histórias que têm como ponto de ligação um segredo que nunca é o que as revelações parecem indicar.
Claro que o grande segredo que une estas mulheres será o ponto principal de todo o enredo. Mas, para além das sucessivas revelações que tornam imprevisível a verdadeira dimensão do mistério, há uma certa faceta emotiva que marca até nos mais breves acontecimentos, tanto na inocência velada dos contos de fadas de Eliza Makepeace, como na sensação de perda irreparável na vida de Cassandra e também na certeza de "não pertencer" de Nell. Algo que se reflecte na força destas diferentes personalidades, na necessidade de agir, na coragem de fazer o que é certo, independentemente de como serão dolorosas as consequências.
Ainda de referir, claro, a forma como, depois de tantas surpresas e revelações, a narrativa atinge a sua conclusão. Se alguns momentos houve que apontavam para um final feliz, enquanto outros pareciam pressagiar uma tragédia inevitável, o mais intrigante, no final, é ver o modo como a autora conjuga estes elementos de uma forma... surpreendente.
Uma história envolvente, intensa, marcante e cheia de emoção... toda ela marcada também por uma escrita belíssima e de leitura agradável. Um romance mágico e comovente, que não posso deixar de recomendar. Lindíssimo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Contos de Daphne du Maurier

Cinco contos, bastante diferentes em termos de temáticas e cenários, mas tendo como ponto comum uma certa imprevisibilidade, constituem este livro. Envolventes e cheios de surpresas, conjugam a dose certa de emoção com um certo nível de estranheza, principalmente a nível de personagens, e várias situações com muito de invulgar.
O primeiro conto é Não Olhes Agora, e conta como umas férias em Veneza, marcadas com o objectivo de estimular uma necessária recuperação da dolorosa perda de um filho, cedo se transformam num conflito entre o casal protagonista, quando estes conhecem duas idosas, uma das quais dotada de supostas capacidades mediúnicas. E, ainda que John não acredite nesta base sobrenatural, há estranhas coincidências a surgir e um assassino à solta na cidade. Inicialmente um pouco confuso, este é um conto que ganha envolvência devido à crescente intensidade dos acontecimentos, bem como à sensação de caos na própria mente do protagonista, sendo o auge atingido quando as tais capacidades mediúnicas revelam, numa conclusão inesperada, o seu verdadeiro valor.
Um Caso-Limite conta a história de Shelagh e de como, após a morte do pai, esta decide partir para a Irlanda em busca da explicação para alguns dos segredos do passado. Mas, mais uma vez, nada é o que parece: o homem que encontra está longe do indivíduo perturbado que Shelagh imaginara e os momentos que compartilha com este estranho serão, apesar da estranheza e do medo, bem mais interessantes do que seria de esperar. Um conto envolvente, muitíssimo bem apresentado e com a dose certa de emoção. Apesar de algumas reviravoltas mais improváveis, marca pelo final intenso e cheio de revelações.
Em Os Pássaros, tudo começa quando, numa noite ventosa, um bando de aves invade um quarto na casa de Nat. Essa noite, contudo, marcará apenas o início de um fenómeno de causas desconhecidas, que se transforma numa séria ameaça a nível global. Um conto intenso, cativante e algo angustiante no seu ritmo de crescente opressão numa luta sem grandes sinais de esperança. Pena o final demasiado aberto, deixando a nítida sensação de história inacabada.
Em O Velho, o narrador conta a um hipotético interlocutor a história de uma "família" peculiar. Interessante principalmente pela voz narrativa invulgar e pelo final surpreendente, ainda que esta visão parcial dos acontecimentos crie uma certa distância, ficando sempre a sensação de que um pouco mais haveria a dizer.
Por último, E as Cartas Dele Tornaram-se Mais Frias, apresenta uma sequência de cartas enviadas por um homem a uma mulher. Muito interessante o percurso desde o primeiro contacto à paixão avassaladora e, depois, ao progressivo afastamento, deixando à imaginação do leitor as possíveis reacções da parte da mulher.
Uma leitura interessante, em suma, bastante agradável e uma boa forma de descobrir a escrita desta autora, que, mesmo nos contos em que parece ficar em falta algo de revelador para a história, fascina pela sua harmonia e pela fluidez com que tanto descrições como sentimentos são apresentados.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Paixão Secreta do Inquisidor (Nerea Riesco)

Um ano depois do auto-de-fé em Logroño, tudo indica que as bruxas voltaram a acção. E é com o objectivo de prevenir novos ataques, como o que supostamente terá vitimado a delatora Juana de Sauri, que o inquisidor Alonso de Salazar y Frías estabelece um percurso pelos lugares mais afectados, no sentido de encontrar culpados e redimir os arrependidos. Entretanto, Mayo de Labastide d'Armagnac, que sempre viveu com a confiança de que a sua protectora olharia por si e com a angustiante certeza de ser filha do diabo, vê-se sozinha e obrigada a descobrir o que aconteceu a Ederra. Assim se cruzarão os caminhos da jovem curandeira e do severo inquisidor. Mas serão eles assim tão diferentes?
É curioso constatar, ao longo deste livro, o contraste entre a linha narrativa do inquisidor e a de Mayo. A missão do inquisidor é punir os culpados de bruxaria, mas todas as suas investigações apontam para a negação da existência de tais entes. Mayo, por seu lado, não sendo uma bruxa no sentido literal do termo, acaba por representar o lado místico da narrativa, com os seus unguentos, o seu companheiro (supostamente, um homem transformado em burro) e até mesmo os poderes que a jovem associa à sua protectora.
Há algumas dificuldades a nível de ritmo de acontecimentos, já que, por vezes, a autora tende a divagar demasiado por situações do passado dos protagonistas, acabando por deixar a sensação de ter esquecido a linha principal da história para explorar elementos de contexto político e cultural que, apesar de interessantes, acabam por ser pouco relevantes para o enredo. Ainda assim, este é um aspecto que vai melhorando com o desenrolar da narrativa, sendo a segunda metade do livro bastante mais envolvente que a primeira.
O mais cativante neste livro, contudo, está nitidamente na construção da personalidade e do nível de pensamento do inquisidor. Salazar ocupa uma posição de considerável valor na hierarquia do Santo Ofício, mas o que o torna tão diferente de todos os outros é, por um lado, a sua insistência na investigação imparcial, dando importância a factos e não a denúncias, e, por outro, o lado sensível e até benevolente oculto sob a máscara da austeridade. Trata-se de um importante membro da Igreja, mas que vive com grandes dúvidas de fé e que tem essas mesmas dúvidas como base motivadora do seu trabalho: se encontrar o diabo, saberá que existe Deus. E o seu lado humano manifesta-se também nestas dúvidas, assim como na relação de compreensão para os que servem sob as suas ordens e na sua devoção quase total ao seu superior.
Uma leitura interessante, ainda que com algumas oscilações de ritmo, provocadas essencialmente pelas questões políticas paralelas, e por alguma previsibilidade no que toca aos responsáveis pelos supostos mistérios do enredo. Ainda assim, uma história agradável, com alguns momentos de grande intensidade e um final muitíssimo interessante. Gostei.

Convite

Novidade Porto Editora

Filha de uma respeitada família de Dunderry, na Geórgia, Claire Maloney era uma menina caprichosa e mimada, mas isso não a impediu de travar amizade com Roan Sullivan, um rapaz feroz, órfão de mãe, que vivia numa caravana com o pai alcoólico. Nunca ninguém conseguiu compreender o laço que unia as duas crianças rebeldes. Mas Roan e Claire pertenciam um ao outro… até à violenta tarde em que o terror tomou conta das suas vidas e Roan desapareceu.
Durante vinte anos, Claire procurou o rosto do seu amor de infância por entre a multidão. Durante vinte anos, esperou ansiosamente uma carta e sobressaltou-se a cada toque do telefone. No entanto, quando Roan surge novamente na sua vida, a alegria de Claire não é completa, pois ao contrário do que se afirma o tempo não apaga todas as feridas. Algumas permanecem ocultas, prestes a reabrir-se ao mais pequeno incidente. Que segredos do passado envenenam o presente e minam o futuro?

Deborah Smith é uma das autoras americanas mais lidas em todo o mundo: a sua obra já vendeu mais de três milhões de exemplares.
Nomeada para diversos prémios importantes, como o RITA Award da Romance Writers of America e o Best Contemporary Fiction da Romance Reviews Today, foi distinguida com o Prémio de Carreira atribuído pela Romantic Times Magazine.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Cortiço (Aluísio Azevedo)

Da ambição desmedida (e de uma certa avareza) de João Romão nasceu o cortiço. E as gentes para lá se dirigiram, em busca de um lugar onde viver ou de um trabalho capaz de os sustentar. Está é a história dessas gentes. De João Romão, o dono do lugar, e de todos os seus planos para subir na vida, seja a custo for. De Miranda, o seu eterno rival. E também dos muitos habitantes daquele espaço, com os seus conflitos, traições e dificuldades.
O mais curioso neste livro é que, ainda que o início assim o possa indicar, não é João Romão o protagonista. Não o é, aliás, nenhum dos intervenientes nas diversas histórias que se cruzam ao longo desta narrativa. Se um elemento principal tiver de ser apontado como base de toda esta história, então é do cortiço que se trata, do local que os reúne a todos e que serve de cenário central a tantas e tão complexas desventuras.
Da mesma forma, não há propriamente um enredo linear, mas sim várias histórias que se cruzam, na medida em que muitos dos seus intervenientes vivem num espaço relativamente reduzido. Mas cada linha de acontecimentos é, por si só, uma história singular e todas elas reúnem o suficiente de intrigas, de luta e até de morte para criar a dose certa de dramatismo e de surpresa num cenário que abrange, afinal, todo o quotidiano daquela gente.
Trata-se, essencialmente, de uma visão global de várias vidas ligadas pelo mesmo espaço. E é isso mesmo que as torna tão interessantes, tão diversas, mas tão próximas que são. E, descritas de uma forma clara e marcante, sem elaborações desnecessárias, mas com uma nitidez impressionante, é incrivelmente fácil imaginar Piedade, Pombinha, Bertoleza e todos os outros como pessoas reais... escondidas entre as páginas de um livro.
Cativante, de leitura agradável e surpreendentemente abrangente, uma história de rotinas e de mudanças, no crescimento e desenvolvimento de um lugar... mas, principalmente, nos ritmos da vida de cada um.

Novidades BIS

«TANTA GENTE, MARIANA»
MARIA JUDITE DE CARVALHO

“Maria Judite Carvalho (1921-1998) foi a escritora da solidão e dos silêncio das ‘palavras poupadas’. Fez, nas suas novelas e contos, o retrato irónico e desencantado da pequena burguesia lisboeta, das frustrações e desistências das mulheres e dos velhos, de toda uma sociedade lentamente envenenada pela moral hipócrita do fascismo português.
Aliando o humor à arte da concisão e da reticência, sempre convidou o leitor a entrar nas suas histórias e completá-las, a vivê-las de algum modo. Foi sem dúvida uma das maiores ficcionistas do nosso século XX"
Urbano Tavares Rodrigues

Sobre a autora: Maria Judite de Carvalho (1921-1998) nasceu em Lisboa, a 18 de Setembro de 1921.
Trabalhou nos periódicos lisboetas Diário de Lisboa, Diário Popular, Diário de Notícias e O Jornal. Da sua obra, em grande parte traduzida em francês e espanhol, destacamos Tanta Gente, Mariana (1955); As Palavras Poupadas (1961); Paisagem sem Barco (1963); Os Armários Vazios (1966); O Seu Amor por Etel (1967); Flores ao Telefone (1968); O Homem no Arame (1979); A Janela Fingida (1975); Este Tempo (1991); Seta Despedida (1995).

«JOGOS DE AZAR»
JOSÉ CARDOSO PIRES

“Uma originalidade exemplar que se deve, sobretudo, à imaginação verbal e à extraordinária multiplicidade dos ângulos da sua escrita.”
Luciana Stegagno Picchio, La Reppublica - Roma

Sobre o autor: José Cardoso Pires (1925-1998) nasceu a 2 de Outubro de 1925 na aldeia de Peso (Castelo Branco) e faleceu em Lisboa, a 26 de Outubro de 1998. Considerado um dos mais importantes escritores portugueses contemporâneos, a sua obra foi traduzida em diversas línguas e distinguida com os seguintes prémios: Prémio Internacional União Latina (Roma, 1991); XXV Prémio Internacional Ultimo Novecento (Pisa, 1992); Prémio Pessoa (Lisboa, 1997); Prémio Vida Literária da APE (Lisboa, 1998); Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa (Lisboa, 1998). Alguns dos seus livros foram ainda premiados individualmente, como é o caso de O Hóspede de Job (1963) – Prémio Camilo Castelo Branco; Balada da Praia dos Cães (1982) – Grande Prémio de Romance e Novela da APE; Alexandra Alpha (1987) – Prémio Especial da Associação de Críticos do Brasil; De Profundis, Valsa Lenta (1997) – Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus e Prémio de Crítica da Associação Internacional de Críticos Literários.

«O FALADOR»
MARIO VARGAS LLOSA

Romance de dois mundos e duas linguagens, O Falador, de Mario Vargas Llosa, é uma obra que de novo arrasta os leitores para o interior do universo de magia e exotismo próprio do grande escritor peruano.
Trata-se de uma ficção que sistematicamente contrapõe os ambientes da selva e da cidade, espelhando desse modo duas atitudes opostas face à vida e aos seus valores.
Um narrador moderno e racional e o contador de histórias de uma tribo amazónica asseguram e estruturam em alternância o desenvolvimento do relato.

Sobre o autor: Mario Vargas Llosa, 74 anos, galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 2010, é um dos autores mais premiados da América Latina pelo seu trabalho como romancista, ensaísta e dramaturgo. Da sua vasta obra, destacamos: A Cidade e os Cães (Prémio Biblioteca Breve, 1962; Prémio da Crítica Espanhola, 1963); A Casa Verde (Prémio Nacional do Romance do Peru; Prémio da Crítica Espanhola; Prémio Rómulo Gallegos, 1967); Conversa n ‘A Catedral (1969); A Tia Júlia e o Escrevedor (1977); A Guerra do Fim do Mundo (Prémio Ritz-Hemingway, 1985); Lituma dos Andes (Prémio Planeta, 1993); Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997); Cartas a Um Jovem Romancista (1997); A Festa do Chibo (2000) e Travessuras da Menina Má (2006). Foi ainda distinguido com o Prémio PEN/Nabokov, Prémio Cervantes, Prémio Príncipe das Astúrias e Prémio Grinzane Cavour.

«A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER»
MILAN KUNDERA

Um livro extraordinário e seguramente um dos romances míticos do Século XX, uma daquelas obras raras que alteram o modo como toda uma geração observa o mundo que a rodeia.

Sobre o autor: Milan Kundera, romancista e ensaísta, nasceu em Brno, na República Checa, em 1929.
Após a publicação de A Brincadeira (1967), que lhe conferiu uma notoriedade imediata, e de O Livro dos Amores Risíveis (1969 – Prémio da União Latina dos Escritores Checoslovacos), é vítima da repressão soviética a seguir ao esmagamento da Primavera de Praga. Os seus livros são interditos, é proibido de trabalhar e perde o direito de publicar. Em 1975, foge para Paris, onde vive desde então, tornando-se cidadão francês em 1981, após lhe ter sido retirada a nacionalidade checoslovaca, como consequência da publicação em França de O Livro do Riso e do Esquecimento. Toda a sua obra está traduzida em Portugal. Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o Commom Wealth Award (1981), o Prémio Jerusalém (1985) e o Prémio Nacional de Literatura da República Checa (2007). A Insustentável Leveza do Ser foi adaptado ao cinema em 1988 por Philip Kaufman e protagonizada por Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Sinal dos Quatro (Sir Arthur Conan Doyle)

Watson continua a narrar fielmente - ainda que com uma certa emotividade que desagrada ao peculiar detective - os casos de Sherlock Holmes. E, como não podia deixar de ser, também este caso tem as suas peculiaridades. A cliente é Mary Morstan e o motivo que a leva até Sherlock é a necessidade de desvendar o desaparecimento do pai, dez anos antes. Quatro anos após este desaparecimento, Mary começou a receber, uma vez por ano, uma pérola valiosa. Seis anos depois, contudo, o que recebe é um bilhete a marcar um encontro. E Mary precisa de Sherlock e de Watson para descobrir que razões estão na base de tão estranha situação. Mas nem só do pai de Mary se faz este caso.
Mais que o caso propriamente dito (e tal como acontecera em Um Estudo em Escarlate), são as peculiaridades de Sherlock o que mais chama a atenção neste livro. Desde a conversa inicial sobre o tal dramatismo que Watson colocou na narrativa e que muito desagrada ao detective aos hábitos mais intrigantes de Sherlock (onde se destacam principalmente as suas formas de reagir à frustração), acaba por ser este conhecimento gradual e curioso da personalidade do protagonista o elemento mais cativante desta leitura.
Quanto ao caso, apresenta, apesar da sua estranheza aparente, todos os elementos característicos de uma das aventuras de Sherlock Holmes. Uma morte aparentemente inexplicável, uma série de pistas e linhas de dedução que parecem, de certa forma, improváveis a qualquer outra mente que não a de Sherlock e umas quantas surpresas ao longo do percurso. E o detalhe mais interessante nesta linha de acontecimentos acaba por ser a história do culpado, com a sua estranha firmeza de lealdades, apesar das situações que o levaram a uma posição... delicada.
Ainda dois detalhes desta história que despertam uma certa curiosidade para aventuras posteriores. Primeiro, a estranha relação de Sherlock com as forças da autoridade, prestando o seu auxílio sem daí tirar grandes vantagens, mas manifestando para com os elementos da polícia um certo desdém. O outro aspecto é, inevitavelmente, a relação que se cria entre Watson e Mary Morstan, situação que não é muito desenvolvida neste livro, mas que deixa evidente um rumo bastante claro para esta relação.
Uma história intrigante, ainda que relativamente breve, mas que cativa principalmente pela forma progressivamente mais curiosa como Sherlock é apresentado a alguns leitores. Frio e indiferente, na maioria das vezes, mas com os seus momentos mais sociáveis (principalmente com Watson) a deixar entrever um indivíduo bastante mais complexo para lá das aparências.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Caixa em Forma de Coração (Joe Hill)

Judas Coyne tem uma colecção de objectos peculiares, associados ao macabro e ao oculto. Por isso, ao encontrar num site de leilões um anúncio relativo à venda de um fantasma, o interesse de Jude desperta automaticamente. Mas quando a caixa negra com o fato do homem morto chega a sua casa e visões perturbadoras começam a manifestar-se, Jude compreende que a sua aquisição foi bastante mais que um objecto curioso. E não se aceitam devoluções...
Extremamente viciante, com um ritmo intenso e um enredo cheio de revelações inesperadas, este livro revelou-se uma surpresa fantástica. Cativante desde a primeira página, A Caixa em Forma de Coração surpreende tanto pela abordagem inicial às assombrações - sendo particularmente interessante a possibilidade de transferir um fantasma com um aparentemente simples acto de compra - como pela história complexa e retorcida que caracteriza vários dos intervenientes na narrativa.
Jude é, mesmo sem ter em conta as mudanças que os acontecimentos operarão na sua natureza, um indivíduo fascinante. Uma estrela de rock, com muitos dos elementos que caracterizam o estereótipo, mas com uma personalidade bem mais complexa, que tanto se pode manifestar como uma besta indecente como em estranhos momentos de sensibilidade. E tudo isto com uma história marcante na base, reflexo de como o passado pode, afinal, moldar a natureza humana. O mesmo se aplica a Marybeth, com a sua armadura de rebelião perante o mundo e com o seu interior vulnerável, mas que despertará para a sua verdadeira coragem com as dificuldades em que se verá envolvida.
Depois há, claro, o fantasma. O que parece uma simples vingança por um suposto acto de abandono da parte de Jude acaba por se revelar um disfarce para actos bem mais perturbadores. E o mais impressionante é que, ao mesmo tempo que o autor acompanha as acções desesperadas de Jude e de Marybeth, é com uma precisão arrepiante que revela os elos ocultos no tecido de toda esta história, onde, afinal, os maus não são tão óbvios como isso.
Compulsivo, cativante tanto na linha principal do enredo como na própria natureza e evolução das personagens, uma história de fantasmas... mas não só. Onde o segredo mais importante, afinal, não é como afastar o fantasma de Craddock McDermott, mas quem é... e o que fez.

Novidade Planeta

Charlotte de Fontenac foge do convento onde a mãe, sequiosa da fortuna do defunto marido, a queria obrigar a tomar o véu.
Perdida na noite, a jovem depara-se com um ritual aterrador numa capela abandonada... Até que um desconhecido a arranca da perigosa contemplação.
Sobre Paris e a corte de Luís XIV sopra o vento pestilencial do Caso dos Venenos e a suspeição recai sobre todos.
Encontrando refúgio em casa da tia, madame de Brecourt, Charlotte é enviada para a corte da jovem e pitoresca duquesa de Orleães, Madame, a princesa Palatina.
Um caminho singular, o dos palácios reais, abre-se diante de Charlotte, e os perigos avolumam-se. Um capricho da natureza fá-la parecer-se com um antigo amor de Luís XIV, o que lhe vale o ódio de madame de Maintenon, em vias de tomar o lugar de madame de Montespan. No momento de maior perigo é Maria Teresa, a rainha, que lhe presta auxílio... mas morre passados quatro dias.
Mortes suspeitas, missas negras, um amor que não ousa dizer o seu nome e protecções que desaparecem uma após outra. Que vai ser de Charlotte?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Afonso Henriques - O Homem (Cristina Torrão)

Mais que a história do rei, a do homem. Para lá da visão dos seus feitos e do carácter que a história preservou (mas sem descurar estes elementos) este livro pretende centrar-se na figura de Afonso Henriques enquanto homem, capaz de sentir, de errar e de amar, como qualquer outro ser humano. E é esse lado do rei, essa figura do homem em luta por um sonho maior que ele próprio, que autora apresenta neste romance.
É na caracterização do seu protagonista que se encontra a grande força deste livro. Os grandes acontecimentos históricos estão lá, claro, e é também de referir a forma como os detalhes mais burocráticos e a vastidão de personalidades envolvidas são inseridos sem grande quebra no ritmo da narrativa. O mais cativante, ainda assim, é sempre Afonso, desde uma abertura intensa que cria para com ele uma empatia quase imediata, aos momentos em que o seu temperamento se manifesta, passando por rasgos de sensibilidade que servem também para mostrar o seu lado humano e, como tal, por vezes vulnerável.
Também a situação envolvente contribui para que o impacto de um carácter como o do soberano seja marcante. Num contexto de lealdades vacilantes e onde até mesmo uma certa devoção aos mais próximos pode ser um factor gerador de conflito, a figura real - com todas as suas responsabilidades - acaba por se revelar como alguém numa posição duramente solitária. E também este facto confere força à imagem do soberano, dividido entre a necessidade de sentir (esta particularmente evidente nas situações ligadas aos filhos, legítimos e ilegítimos) e a força que dita, pelo bem de um sonho maior, que o orgulho deve prevalecer.
Um livro envolvente e interessante, não apenas do ponto de vista dos elementos históricos, mas enquanto narrativa de uma vida e história de uma figura orgulhosa, de temperamento por vezes difícil, mas, mais que real, humana.

sábado, 22 de janeiro de 2011

El Beso del Vampiro (Lynn Raven)

Dawn Warden sempre teve de lutar por um mínimo de normalidade na sua vida, já que, desde o ataque que vitimou os seus pais, o tio sempre a manteve rodeada de guarda-costas. Mas a persistência compensou e Dawn conseguiu, pelo menos, alguma independência na sua vida escolar, ao afastar de si a constante vigília. Mas, quando conhece Julien DuCraine, tudo vai mudar. O estranho, misterioso e temperamental jovem acabará por despertar nela sentimentos mais fortes do que desejaria... e nenhum dos dois é apenas aquilo que aparenta ser.
Numa primeira fase, as bases deste livro são muito semelhantes às de tantos outros. Relação entre uma adolescente humana (ou aparentemente humana) e um ser sobrenatural, aproximações e afastamentos sucessivos, uma revelação que tem de ser contida a todo o custo... Neste aspecto, o livro não apresenta nada de particularmente inovador e a fase inicial, ainda que escrita de forma bastante agradável, acaba por não cativar tanto quanto poderia devido a estas semelhanças - algumas demasiado evidentes - com outros livros do mesmo género.
Tudo muda, contudo, à medida que os que considero ser os principais pontos de interesse vão sendo revelados. Primeiro, a personalidade de Julien DuCraine e a sua duplicidade. Desde cedo, em paralelo com a história de Dawn, vão sendo apresentados fragmentos de uma outra vida, da de um predador imortal em busca de alguém que desapareceu. E é neste aspecto que a caracterização vampírica surge de forma mais intrigante, ao mesmo tempo que pequenas ligações entre este caçador e o Julien que surge perante Dawn vão sendo insinuadas.
Além disso, há uma grande mudança na intensidade do ritmo a partir do momento em que a acção deixa de se centrar na atracção que Dawn sente por Julien e na tentativa deste de manter o secretismo. A partir do momento em que Dawn sabe quem é o namorado, os acontecimentos precipitam-se e as coisas tornam-se bastante mais interessantes, com a revelação de quem é ela realmente, do que aconteceu aos seus pais e do porquê de tantos dos comportamentos do seu tio. Tudo isto para culminar num final com algumas surpresas, mas que deixa também várias possibilidades em aberto.
Leve, bastante interessante, ainda que, no início, as semelhanças com outros livros deste estilo sejam por demais evidentes, e com algumas surpresas bastante intrigantes. Não será, por isso, nenhuma obra prima da literatura, mas não deixa de ser, para os apreciadores deste tipo de leitura, um livro agradável.

Vencedora do passatempo O Enigma

E terminou mais um passatempo, desta vez com 103 participantes. E a vencedora é:

88. Diana Resende (Aveiro)

Parabéns e boa leitura!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Secrets of Grace and Splendor (Mary Alterman)

Grace sofre de esquizofrenia. Ou, pelo menos, é essa a opinião dos médicos na instituição onde ela foi internada. Mas Grace decide fugir. Novamente. E a filha, Elena, acredita que, se apenas conseguir levar a mãe de volta ao lugar onde cresceu, então tudo ficará bem. Este livro é a história dessa viagem.
É uma história bastante simples, no que toca aos grandes acontecimentos do livro. Não há grande detalhe no que diz respeito a descrição de cenários nem grandes elaborações na apresentação das situações mais complicadas. Não é esse o objectivo, parece-me. A grande força deste livro, afinal, reside na sua mensagem de esperança e, principalmente, nos principais intervenientes desta interessante aventura.
Há, na mente de Elena, uma forte necessidade de agir, em oposição com a passiva resignação com que Michael parece lidar com o problema de Grace. E, ainda assim, nenhum deles é perfeito. Todos têm os seus instantes de dúvida, os seus pequenos momentos de egoísmo. E é isso que os torna humanos. É o que os torna reais.
Gostaria que esta história se tivesse alongado um pouco, mais, não por causa do final, que, penso, tem a medida certa de esperança, sem perder de vista o necessário realismo, mas essencialmente porque, ainda que a história não seja longa nem complexa, estas personagens, com as suas forças e as suas falhas, têm uma forma muito particular de falar ao coração do leitor. E foi isso o que mais apreciei nesta leitura.

Novidade Esfera dos Livros

«Desta vez fiz asneira e da grossa. Mas como podia eu saber que aquele pedaço de papel que rasguei e comi era tão especial para o meu dono? Todos os dias lhe como e destruo metade dos papéis oficiais e dos despachos que ele tem em cima da secretária e ele não se importa com isso. Aliás, as coisas que já lhe comi, davam para fazer um livro só sobre isso: um DVD intitulado “Espanhol para falar com Chefes de Estado”, um telemóvel que fazia ruídos estranhos quando se atendia (este por acaso até foi o meu dono que me deu para roer), um livro de poemas autografado pelo Manuel Alegre (ainda por abrir!), uma fotografia do presidente da República que estava a marcar as Páginas Amarelas, três ou quatro orçamentos de Estado (são sempre os mais difíceis de roer). Sempre que tenho estes impulsos de rafeiro, o meu dono faz-me aquela falsa cara de mau e diz-me “Não, pá, isso não pá, larga pá!” mas depois ou toca o telemóvel e ele distrai-se com a conversa ou acaba por esboçar um sorriso e perdoar-me. Desta vez não. Foi tudo muito diferente. Enfim, a culpa é minha. Tinha de acabar em desgraça esta minha mania de me atirar a tudo o que é papel oficial. E o que mais me causa estranheza é que desta vez só roí um papel, um miserável papel. (…) Este era fininho, uma folha apenas, estava cheio de números e letras e tinha um emblema no cimo da página. Uma coisa aparentemente rasca, sem valor mas afinal era valiosíssima! Como é que eu ia saber que
aquilo era o certificado de habilitações do meu dono, do seu curso de engenheiro?» Um rafeiro retirado de um canil para viver uma vida de glória, fama e proveito em São Bento. Pela trela ou ao colo, nos momentos difíceis ou nas horas de triunfo, o cão foi uma testemunha ocular e privilegiada do dia-a-dia do chefe do Governo ao longo dos últimos anos. Do Tratado de Lisboa à Cimeira da NATO, das frias relações institucionais com o presidente da República aos calorosos apertos de mão das grandes figuras da política internacional, da crise do Orçamento de Estado para 2011 aos prós e contras da entrada do FMI em Portugal, o cão dá a sua opinião sobre tudo o que aconteceu nos últimos anos num relato detalhado, inédito e original sobre os bastidores da mais alta política portuguesa.
P.S. (e não só!) O cão encontra-se à procura de novo dono. Aceitam-se candidaturas com currículo detalhado e com fotografia para: caodesocrates@gmail.com Obrigado!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vìnculo de Sangue (Patricia Briggs)

São fortes as ligações de Mercy Thompson aos seres sobrenaturais. Sendo ela própria um deles, é apenas normal que tenha conhecimentos entre lobisomens, vampiros e seres feéricos. Mas dever um favor a um deles pode trazer muitas complicações e quando Stefan, o vampiro, lhe pede auxílio no que parece ser apenas uma mensagem da sua senhora, mas acaba por se revelar toda uma luta para travar um feiticeiro vampiro controlado por um demónio (sim, o inimigo é mesmo isso tudo), a vida de Mercy e dos que a rodeiam sofrerá grandes alterações.
Se O Apelo da Lua era de leitura compulsiva, este livro transporta o conceito de viciante para todo um novo nível. A história é cativante desde o primeiro capítulo, a acção é uma constante e surpresas e reviravoltas são algo que não falta ao longo desta nova aventura de Mercy. Mas este ritmo intenso e envolvente é apenas um dos muitos elementos que tornam esta série - e este livro em particular - num verdadeiro vício.
Está nas personagens uma das grandes forças desta história. Não só em Mercy, protagonista forte e determinada, mas sem descurar o seu lado humano, particularmente evidente nos pequenos momentos de vulnerabilidade que vão surgindo ao longo da história. Adam e Samuel, com a sua obsessão lupina pela dominância, parecem (e devem parecer) ser, na generalidade do enredo, as figuras mais fortes, mas também eles (e Samuel em particular) têm os seus pontos fracos. São estes, aliás, a dar origem a alguns dos momentos emocionalmente mais marcantes deste livro. E até elementos mais secundários como Warren e Ben revelam uma personalidade complexa, com mais profundidade do que parece à primeira vista.
Toda a abordagem aos diferentes seres sobrenaturais é interessante e se desde o primeiro livro o detalhe das relações de dominância/submissão entre os lobos é algo que chama a atenção, neste livro é a hierarquia e o funcionamento do sistema vampírico a despertar o interesse. A autora apresenta um conjunto de vampiros capazes de viver em sociedade - ainda que numa sociedade muito própria - mas sem afastar a inerente maldade muitas vezes associada a esse ser. E isto torna-se particularmente marcante porque, estando Stefan em destaque neste livro, é deveras intrigante ver as diferenças entre este vampiro e os outros da sua espécie.
A referir, por último, o final. Directo e sem deixar grandes pontas soltas relativamente ao enredo principal deste livro, deixa, contudo, uma certa curiosidade em ver que mudanças se manifestarão a longo prazo, em consequência de alguns dos acontecimentos finais.
Viciante, com uma abordagem muito interessante aos diferentes seres sobrenaturais e uma personagem mais fascinante a cada nova revelação que surge, um livro impossível de largar antes do fim. Muito bom.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Laços de Sangue (Charlaine Harris)

Depois do caos que foram os acontecimentos no Pyramid of Gizeh, Sookie Stackhouse tenta regressar à sua vida normal. Mas não é fácil. Quinn desapareceu e, quando se conhecem tantos seres sobrenaturais como aqueles com que Sookie convive, há sempre uma revelação iminente... e um sarilho à espera de acontecer. Por isso, entre fadas, vampiros e lobisomens, não surpreende que Sookie tenha pela frente novas aventuras.
Como seria de esperar, tendo em conta os livros anteriores, a principal característica de Laços de Sangue é a acção constante. Há sempre coisas a acontecer, não havendo uma única linha de acontecimentos ao longo do livro, mas várias histórias que se cruzam num ponto... chamado Sookie Stackhouse.
Neste livro, o início é um pouco caótico, em grande parte devido aos acontecimentos explosivos que marcaram o livro anterior. Ainda assim, esta fase mais estranha, que parece estar um pouco menos ligada a acontecimentos posteriores no livro, mas que deixa pistas interessantes para um futuro rumo da história em próximos volumes, é importante principalmente porque acrescenta novos detalhes sobre a natureza da própria Sookie. Serve ainda como primeira demonstração de um facto que vai evoluir de forma interessante ao longo do livro: as mudanças que, em parte devido ao elo de sangue, mas não só, se operaram em Eric e na sua relação com a telepata.
Tendo em conta a situação instável da comunidade sobrenatural, tanto na política vampírica como nos conflitos entre lobisomens (e Sookie terá algo de importante a fazer neste caso em concreto), há bastante menos da relação entre a protagonista e os seus vários pretendentes. Na verdade, parece haver um rumo mais definido neste aspecto, como se (ainda que tudo possa mudar no livro que se seguirá) a autora desse já algumas indicações do que acontecerá a Sookie em termos de relações.
Ainda de referir o facto de, apesar do ritmo compulsivo de acção e das grandes questões a nível da situação dos sobrenaturais, a autora explorar de forma bastante interessante o lado pessoal dos acontecimentos. Ao contar a história pela voz de Sookie, há algumas situações que parecem resolver-se rapidamente (como a questão do rei), mas é esta visão pessoal que permite entrar tão facilmente no ponto de vista da protagonista. Mais que a política vampírica, importa a forma como os acontecimentos atingirão Sookie e aqueles com quem se preocupa. E, tanto nos grandes cenários como nas pequenas traições, é o efeito que cada situação tem na protagonista que cria esse lado empático que chama a atenção.
Viciante, com um ritmo de acção que torna a leitura simplesmente compulsiva e a mesma escrita acessível e de leitura agradável que tem vindo a caracterizar esta série, uma história envolvente e que, com os pontos que deixa em aberto, desperta grande curiosidade para o que se seguirá.

Novidades Casa das Letras para Fevereiro

Sangue de Anjo
Nalini Singh
Ficção Fantasia

Elena Deveraux é uma caçadora de vampiros. Sabe que é a melhor – mas não sabe se será suficientemente boa para a tarefa que tem de cumprir. É contratada pelo perigosamente belo arcanjo Raphael, um ser de tal modo letal que nenhum mortal deseja merecer a sua atenção.
Elena sabe que não pode falhar – embora se trate de uma missão impossível. Porque desta vez não é um vampiro voluntarioso que tem de localizar. É um arcanjo que degenerou.

Nas livrarias a 7 de Fevereiro

O Factor Humano
Graham Greene
Ficção Literária

Maurice Castle é um ex-diplomata britânico que trabalha no MI6, em Londres, e é casado com uma bela sul-africana. O seu dia-a-dia de agente secreto parece ser mais burocrático do que se imaginaria, até que uma fuga de informação traz à tona o seu passado, desorganiza a sua vida e coloca em xeque o seu futuro.
Este livro é a história de um agente duplo, forçado a essa situação pelo seu amor por uma negra. Aborda o tema do apartheid e do racismo, condicionado de um lado pela política britânica e do outro pelas ambições russas.

Nas livrarias a 21 de Fevereiro

O Coração não Envelhece
Marie Hennezel
Psicologia

Envelhecer amedronta-nos. A nossa sociedade dá-nos uma imagem desastrosa da velhice. No entanto, este envelhecimento inevitável pode não nos condenar à solidão, ao sofrimento, à perda ou mesmo à dependência. Se é verdade que to­dos envelhecemos, também é verdade que pode­mos decidir não nos tornarmos «velhos». Esta é a mensagem que Marie de Hennezel nos transmite, e ensina, neste livro.

Nas livrarias a 21 de Fevereiro

Citações e Pensamento de Florbela Espanca
Paulo Silva
Sabedoria Popular

200 citações, 40 textos, 100 poemas e 50 quadras de amor de Florbela Espanca. Um autêntico manual do sentimento em geral e do amor em particular, este concentrado de frases inspiradoras tira as teias de aranha que facilmente se instalam no coração de cada um.

Nas livrarias a 7 de Fevereiro

Novidade Eucleia

Título: Garman & Worse
Autor: Kielland, Alexander
Tradução: João Reis
Data de Publicação: Janeiro de 2011
ISBN: 978-989-8443-03-8
175 páginas, brochado, formato A5, impresso em papel IOR 90g
Ficção Estrangeira: Romance
PVP: 14,84€ – preço Eucleia: 13,36€ (10% de desconto e portes grátis)

Alexander Lange Kielland (1849 – 1906) é considerado um dos quatro maiores escritores noruegueses de sempre, a par de nomes como Henrik Ibsen, Bjørnstjerne Bjørnson e Jonas Lie.
Garman & Worse é o seu primeiro romance, onde se notam já todas as características que viriam a definir a sua escrita, de um tom anti-clerical, pró-feminista, crítico e impregnado de um sentido de humor subtil, típico dos nórdicos. Nele é abordada a história de duas famílias e suas relações humanas e sociais, num registo pleno de atualidade e construído sobre um vasto leque de marcantes personagens.
Esta é a primeira tradução de Kielland para a Língua Portuguesa.

«Nada é tão ilimitado quanto o mar, nada tão paciente. Carrega às suas largas costas, como um elefante amigável, os minúsculos anões que trilham a Terra; e tem nas suas vastas e frescas profundezas lugar para todas as lamentações do mundo. Não é verdade que o mar é traiçoeiro, pois nunca prometeu nada: sem exigências, sem obrigações, livre, puro e autêntico bate o grande coração, o último saudável num mundo doente.
E enquanto os anões esforçam os olhos para ver acima dele, o mar canta a sua velha canção. Muitos mal a percebem, mas nunca dois a entendem da mesma forma, porque o mar tem uma palavra diferente para cada um que se coloca cara a cara consigo.»

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

North and South (Elizabeth Gaskell)

Quando, por questões de consciência, o seu pai se vê na necessidade de abandonar a igreja, torna-se inevitável deixar para trás a tranquilidade de Helstone e partir para o norte. Mas Milton é um mundo completamente diferente e, perante uma forma de vida completamente oposta ao que sempre julgou adequado à sua posição, Margaret descobrirá uma nova visão dos homens, uma mulher mais forte e capaz de evoluir em si própria... e sentimentos que evoluem do desprezo a algo bem superior, relativamente a um homem que, inicialmente, parece dar forma a tudo o que ocupa os seus preconceitos.
Haveria tanto a dizer sobre este livro que é até difícil decidir por onde começar. História de amor, percurso de crescimento da protagonista, relação e contraste entre meios diversos... Qualquer um destes aspectos daria, por si só, um romance intrigante, mas o facto é que este livro reúne TODOS estes elementos numa obra complexa, mas ainda assim extremamente cativante.
Começando pela diferença de cenários. Há, no percurso de Margaret, a caracterização de diferentes ambientes, desde a sociedade londrina à quase excessiva tranquilidade de Helstone, sendo, evidentemente, na forte industrialização de Milton (em contraste com os cenários anteriores) o grande foco deste livro, em termos de ambientes. E não é só nas evidentes diferenças de cenário, soberbamente descritas pela autora, que este contraste é claro. Na verdade, basta comparar as formas de pensamento de Edith, de Margaret (principalmente na fase inicial) e dos Thornton para ver como é impressionante o choque entre os diferentes modos de vida.
Até a evolução da própria Margaret, tanto nas alterações da sua forma de pensar como até nas suas acções, representa essa mesma oposição - na poderosa revelação de que muito desse choque é, afinal, causado por ideias prévias (e, por vezes, mal fundamentadas). Ver o crescimento de Margaret desde o momento em que abandona a casa da tia, através de um percurso de sucessivas dificuldades e perdas dolorosas, esperanças abandonadas e a tão complicada descoberta de sentimentos que nem ela consegue explicar, é acompanhar todo um interessante processo de crescimento, tanto em termos de pensamento como de força emotiva.
Falta referir, é claro, a turbulenta relação entre os protagonistas, que, não sendo propriamente o único foco do livro, é, sem dúvida, uma grande parte da sua força. A oposição inicial entre Margaret e John Thornton, a deliciosa caracterização (tanto em termos de aspecto, como de personalidade e de princípios) deste fascinante indivíduo e a sequência de atribulações e mal-entendidos que marcam o caminho de ambos são o que confere à história um interesse mais pessoal. Se acontecimentos mais globais como a greve dos trabalhadores apresentam claramente as principais dificuldades na altura, são as perdas de Margaret, as suas acções para com os que lhe são mais próximos (e para os que passam a sê-lo) e a sua súbita preocupação para com a opinião de um homem que, apesar do desprezo inicial, desperta admiração pela sua força de princípios, que criam a envolvência e a empatia na base daquela constante vontade de saber - de ver acontecer - o fecho dos acontecimentos. De descobrir, enfim, se as personagens com que um elo progressivo se vai criando, encontram, ou não, alguma felicidade.
Mais haveria, talvez, a dizer sobre este livro, mas correria o risco de estragar um pouco o grande prazer que é a sua leitura. Fico-me, por isso, com a recomendação sem reservas deste livro que é, simplesmente... lindíssimo.

Convite

Novidades Dom Quixote para Fevereiro

O Livro dos Homens sem Luz
João Tordo
Autores Língua Portuguesa

Com ecos de Kafka e de Auster e influência do novo conto gótico, este romance, o primeiro de João Tordo que agora é reeditado pela Dom Quixote, revisita os clássicos da literatura de mistério – de Wilkie Collins a Edgar Allan Poe –, oferecendo-lhes um espaço peculiar no qual o autor entrega o destino das personagens a si próprias.

Nas livrarias a 28 de Fevereiro

Cartas de Amor
Pablo Neruda
Poesia

Neste livro estão reunidas as cartas que o autor escreveu à sua mulher, Matilde Urrutia, com quem viveu um amor intenso e prolongado. Tal como em toda a obra de Neruda, também por aqui perpassa todo um universo de magia e paixão.

Nas livrarias a 7 de Fevereiro

Desobediência
Eduardo Pitta
Poesia

Um livro, o primeiro de Eduardo Pitta na Dom Quixote, que reúne os poemas escritos pelo autor entre1971 e 1996. Uma edição definitiva da sua obra poética, quer em termos de fixação de texto quer pela exclusão de alguns poemas que o autor decidiu não incluir neste livro que, de acordo com as palavras de Nuno Júdice, que assina o prefácio, “confere à poesia de Eduardo Pitta um lugar próprio na literatura contemporânea na nossa língua portuguesa”.

Nas livrarias a 21 de Fevereiro

Um Teatro às Escuras
Pedro Tamen
Poesia

Um Teatro às Escuras, como o próprio título o indica, é um conjunto de poemas a várias vozes, como se de uma peça de teatro se tratasse. Uma peça que se desenrola na escuridão de um teatro onde Ele e Ela são as personagens principais, protagonistas de uma ruptura que adivinhamos, mas onde o Público, o Contra-regra, o Encenador, o Electricista, e até Haydn, o autor da música, têm uma palavra a dizer.

Nas livrarias a 7 de Fevereiro

O Filho de Campo de Ourique e Outras Histórias
António Figueira
Autores Língua Portuguesa

Dezassete histórias curtas, daqui e de agora, experimentando formas novas, reduzidas a esqueletos, sem excipientes literários, entulho que atrapalhe os gestos decididos das personagens que nelas se movem, contados ao ritmo da vida vivida, e que por isso resultam fortes, de traços nítidos e de linhas claras.
Primeiro livro do autor.

Nas livrarias a 21 de Fevereiro.

Os Pretos de Pousaflores
Aida Gomes
Autores Língua Portuguesa

Com um leque de vozes admiravelmente distintas – ora hilariantes, ora comoventes e poéticas -, Aida Gomes narra a história de uma família marcada pelas circunstâncias, acompanhando a memória do passado colonial, o definhar do império, a guerra em Angola e o mundo de exclusão que tantos
empurra para o abismo.
Primeiro livro da autora.

Nas livrarias a 7 de Fevereiro

O Complexo de Sagitário
Nuno Júdice
Autores Língua Portuguesa

Uma novela que presta homenagem, de forma admirável, a uma referência incontornável na história da literatura, A Filosofia na Alcova, de Marquês de Sade. Um cativante diálogo entre o ensaio e o poético, usando os mesmos jogos de linguagem que o escritor francês popularizou, torna este livro uma leitura obrigatória para os conhecedores e amantes das obras de Marquês de Sade e de Nuno Júdice.

Nas livrarias a 28 de Fevereiro

Convite

Novidade Porto Editora

Em 11 de Março de 2004 a história de um país denominado Espanha sofreu uma mudança irreversível. Este romance fala-nos daquele dia terrível e, mais tarde, da sua reconstituição, por um revisor de provas. Um revisor que é obrigado a corrigir os erros dos outros e que, naquele dia, tropeça numa errata incorrigível e escrita no livro da realidade.
Concebido como o testemunho de um cidadão comum, mas sobretudo como uma confissão de amor, O Revisor é uma homenagem àqueles que nos permitem manter o bom senso nos tempos de incerteza, e um testemunho impressionante acerca do poder do amor nas suas diversas formas – a amizade, a paternidade, a sexualidade – como abrigo contra a inclemência da vida e contra as mentiras do Poder.
Assim, se A Ofensa indagava a Segunda Guerra Mundial num cenário de História lida e interpretada, se Derrocada se interrogava, a propósito dos nossos medos, através da História intuída ou imaginada, O Revisor aproxima-se, sem rodeios, através do narrador implacável, da História vivida e protagonizada na primeira pessoa.

Novidades Bizâncio para Janeiro

Título: O Messias
3.ª edição
Autor: Marek Halter
Colecção: Ilhas Encantadas, 1
ISBN: 978-972-53-0000-8 Código de Barras: 9 789 725 300 008
Págs.: 448
Preço: Euros 14,15 / 15,00
Romance Histórico
«A passagem de Reubeni por Portugal (…) provocou ao que parece conversões ao judaísmo, como a de Diogo Pires que tomaria o nome de Salomão Molco.»
Maria José Pimenta Ferro Tavares
David Reubeni diz-se general de um exército vindo do deserto, enviado por seu irmão José, o soberano do misterioso reino de Chabor. O seu projecto é arrojado: reunir na Europa um exército judeu que deverá tomar aos turcos a terra de Israel e constituir aí um reino judeu, devolvendo ao ocidente cristão o controlo dos lugares santos de Jerusalém. De olhar sombrio e aparente indiferença perante os clamores que suscita, este homem leva o seu projecto a Veneza; a Roma, à corte do papa Clemente VII; ao rei de Portugal D. João III; a Francisco I de França e até ao imperador Carlos V. Para os milhões de judeus europeus, perseguidos ou dificilmente tolerados, expulsos de Espanha, convertidos à força em Portugal, David Reubeni torna-se o Messias e por todo o lado a exaltação mística alimenta a lenda. Levará a bom termo o seu arrojado projecto? Escapará às apertadas malhas da Inquisição?
Título: O meu nome é Victoria
Subtítulo: História de uma criança roubada pela ditadura argentina
Autor: Victoria Donda
Colecção: Vidas, 32
ISBN: 978-972-53-0469-3 Código de Barras: 9 789 725 304 693
Preço: Euros 14,15 / 15,00
Págs.: 224
Autobiografia
Um testemunho único sobre o destino das crianças desaparecidas na Argentina durante os anos de chumbo da ditadura militar. Durante o período negro da ditadura argentina (1976-1983), os militares torturaram e assassinaram dezenas de milhares de pessoas. Nas prisões, centenas de bebés foram roubados às mães e entregues a simpatizantes do regime. Aos 27 anos, Victoria descobre que é uma dessas crianças. Na altura, dá ainda pelo nome de Analía e desconhece por completo a história trágica do seu nascimento. Não sabe que o seu próprio tio – torcionário e dirigente de um dos mais importantes centros clandestinos de detenção de Buenos Aires – teve mão activa no sequestro e assassínio dos seus pais, entregando-a de seguida, sob um nome falso, a uma família de militares.
Prosseguindo a luta política dos pais, recupera o seu verdadeiro nome e faz-se eleger deputada em 2007.
Título: Gossip Girl 7: Ninguém o faz melhor
Autor: Cecily von Ziegesar
Colecção: Gossip Girl
ISBN: 978-972-53-0453-2 Código de Barras: 9 789 725 304 532
Págs.: 272
Preço: Euros 11,90 / 12,61
Romance
É Primavera e as nossas vidas renovam-se. Todos nos preparamos para a universidade e é obviamente altura de festas — como se não fosse sempre! Agora que B perdeu finalmente a virgindade com N, mal consegue esperar para repetir uma e outra vez. Mas será que a relação deles tem pernas para andar? E será que B consegue entrar em Yale? Será que N engatará S e ambos deixam B sozinha? Só o tempo o dirá; mas uma coisa é certa, o amor está no ar e cheira imenso a Envy da Gucci.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Ilha dos Encantos (Mary Nickson)

Foi em Vrahos que Victoria conheceu os melhores anos da sua vida. Na companhia de Guy, o primo temperamental, e de Richard, o amigo paciente e afável, Vicky construiu memórias perenes. Mas os anos passaram e, depois de anos de um casamento aparentemente feliz, tudo termina abruptamente quando um acidente de caça provoca a morte de Richard. Então, Victoria irá descobrir que o marido não era a pessoa que julgara conhecer e, ao refugiar-se no encanto da casa onde cresceu, acabará por descobrir não só uma nova paixão e a força necessária para viver, mas uma antiga e fascinante história relativa à sua avó.
É fácil deduzir a partir da sinopse que o romance será uma parte essencial desta história. A grande surpresa, contudo, está no facto de, apesar da evidente relevância das paixões ao longo do enredo, haver muito mais a explorar para além das relações. Primeiro a perda, agravada pela descoberta de que uma pessoa que acompanhara durante tanto tempo não era nada do que Victoria julgava. Depois, as intrigas por vezes revoltante da família mais próxima. E até mesmo os problemas que vão surgindo de uma relação que, apesar do seu lado idílico e da ternura com que nos é apresentada, tem também as suas complicações.
E há também a história do próprio Patrick, com um casamento à beira da ruína. Não é só a sua relação com Victoria que o torna interessante na linha dos acontecimentos. A obsessão doentia de Rachel e a sua constante necessidade de ser conduzida, ao mesmo tempo que ignora todos os avisos que lhe são feitos face a uma "amizade" claramente destrutiva, surge como a dificuldade necessária para criar uma compreensão quase imediata para com Patrick. E até a posição ambígua mas compreensível dos filhos perante um possível divórcio confere emotividade à história.
Ainda assim, o que mais me cativou neste livro que, apesar de um início algo confuso - provavelmente devido à quantidade de histórias que se cruzam ao longo da narrativa - e de um mistério bastante diferente do que esperava, se veio a revelar uma leitura bastante envolvente, foi a forma quase inocente com que certos aspectos do romance são apresentados. Tanto na história de amor perdido de Hugh e Evanthi como na construção do amor entre Victoria e Patrick, a relação parece, por vezes, platónica, mas, ainda assim, toda a intensidade dos sentimentos estão lá. E esse aspecto de profunda paixão, mas sem grande elaboração sexual, acaba por dar um toque de diferença (comparativamente a outros romances do género) a este livro.
Um livro cativante, ainda que, nalguns momentos, não seja difícil prever o rumo da história, e que, mais até que pelas personagens, tem nas belas descrições da casa e da ilha um grande ponto a favor. Envolvente e agradável, uma boa leitura.

Novidade Porto Editora

Berlim, 1945. Os soviéticos avançam, imparáveis, pelas ruas repletas de escombros. Em toda a cidade a luta é violenta, e a derrota alemã está iminente. Arturo Andrade está no meio de todo aquele caos. A sua missão: localizar Ewald von Kleist, que acaba por encontrar morto na chancelaria do Reich com um misterioso bilhete nos bolsos.
Começa assim este thriller escrito com paixão e rigor documental que, com um ritmo que não dá tréguas ao leitor, nos aproxima de uma personagem que deverá enfrentar múltiplos demónios, os alheios e os seus próprios, para salvar a única coisa que parece escapar a este contexto atroz: o amor de uma mulher.

Novidade Esfera dos Livros

Amamentar é um acto único de amor. No entanto é um dos momentos que mais dúvidas, inquietações e ansiedade desperta numa mãe. Será que sou capaz de dar de mamar? Porque será que o meu filho não pega no peito? Será que o meu leite é bom e suficiente para que o meu bebé cresça de forma saudável? Não é melhor dar-lhe leite artificial? Devo dar de mamar de quanto em quanto tempo? Tenho os mamilos invertidos, não posso dar de mamar? Não sei porquê mas parece que tenho cada vez menos leite. A autora Leonor Levy, especialista em aleitamento materno e membro da Comissão Nacional «Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés» que integra o Comité Português para a Unicef desde 1998, responde a estas e outras questões e garante-nos que não há melhor presente que possamos dar aos nossos filhos, do que amamentá-los. As vantagens a curto e a longo prazo para as mães e para os bebés são muitas e variadas.

Leonor Levy nasceu em Lisboa, filha e neta de pediatras, entrou para o Lycée Français Charles Lepierre com 3 anos onde teve o privilégio de ter mestres de grande gabarito que fomentavam a liberdade e a criatividade, tendo ainda acesso a uma biblioteca onde pôde saciar a sua curiosidade intelectual. Acabou o Curso de Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1972 e obteve o Título de Pediatra em 1980. Desde então e durante 36 anos trabalhou no Hospital de Santa
Maria e na Faculdade de Medicina de Lisboa onde foi Professora até se ter aposentado há cerca de um ano.
Tem dois filhos, uma neta e um cão. Considera que o bem mais precioso, para além da Saúde, é a família e os amigos. Nos tempos livres lê, desenha, brinca com a neta e com o cão e adora ir para o campo para pôr os pés na terra, cheirar o ar e «ouvir o som do silêncio».

Novidades Clube do Autor

O Cão que Perdeu o Rebanho é um livro sobre coaching e técnicas de desenvolvimento pessoal. Consol Iranzo, especialista com mais de 20 anos d experiência na área dos Recursos Humanos e autora desta singular fábula, explica como identificar e realçar todas as capacidades individuais, mesmo aquelas que se desconhecem.
O coaching é entendido como um conjunto de ferramentas que salienta o que de melhor há em cada ser humano. Reconhecer talentos escondidos, tornar-se mais auto-confiante e ter uma atitude positiva perante as adversidades são as grandes linhas deorientação desta disciplina.
No livro O Cão que Perdeu o Rebanho, Socri é um cão que acaba de ser abandonado.
Depois de longos anos dedicado a proteger o rebanho do seu dono, não sabe o que há-de fazer e parte em busca de alguém que o possa ajudar… Nesta viagem encontra outros animais e, juntos, vão aprender a valorizar os seus talentos – mesmo os mais ocultos -, a mudar os aspectos de que menos gostam em si próprios e a dar um novo rumo à sua vida.
Protagonizada pelos habitantes de um bosque imaginário, cujos comportamentos são facilmente identificáveis no mundo dos humanos, a fábula O Cão que Perdeu o Rebanho narra as aventuras vividas por um grupo de animais – um cão, um leão, uma serpente e uma toupeira – até descobrirem algumas das suas habilidades ocultas e consequentemente um mundo de novas possibilidades.

Kevin Duncan, reconhecido consultor empresarial e autor de vários livros sobre gestão e marketing leu mais de 100 livros para escrever Ler para Vencer. Informar rápida e eficientemente é o objectivo da obra que resume o melhor do pensamento actual na área da gestão.
O mundo da gestão e dos negócios pode ser confuso, dada a profusão de livros sobre a temática, todos eles garantindo ter, de alguma forma, a chave para o êxito. Mas a realidade é outra, e muita informação é por vezes contraproducente.
Ler para Vencer resume o melhor de 40 livros de gestão, incluindo os conhecidos Freakonomics, De Bom a Excelente, Nudge e Wikinomics, levando o leitor directamente aos assuntos mais relevantes, de uma forma rápida e simples.
Estratégia de marketing, branding, comportamento do consumidor, criatividade, organização, liderança e internet, entre outros grandes temas da gestão actual, Ler para Vencer aborda os pontos críticos do mundo empresarial de forma inovadora e, sobretudo, produtiva.

Descobri que te Amo tem todos os ingredientes das comédias românticas, as mesmas personagens (aparentemente) baralhadas e o indispensável final feliz. Descrito como um conto de fadas dos tempos modernos, o novo livro da Marcador chega dia 20 às livrarias nacionais.
A fazer lembrar a obra de Shakespeare Sonho de Uma Noite de Verão, o livro de Ann Edwards Cannon retrata o amor durante os difíceis anos da adolescência e as peripécias da viagem de quatro amigos, Ed, Scout, Quark e Ellie, até à respectiva auto-realização.
Com sarcasmo e humor, provocando risos e suspiros, Descobri que te Amo descreve a vida tal como ela é e principalmente como ela parece quando tudo se afigura complicado.
Ed, um rapaz normal e entediado, tem um trabalho de Verão na Reel Life Movies, uma loja de aluguer de vídeos e DVD, onde o seu crachá de identificação diz chamar-se «Sergio». A única distracção de Ed são os seus dois melhores amigos: Scout e Quark.
Arrumar DVD nas prateleiras não é assim tão aborrecido com Scout a fazer piadas e, depois do trabalho, Ed tem sempre a companhia do sobredotado Quark.
Mas tudo muda quando a rapariga dos seus sonhos entra na loja onde trabalha e a vida parece ganhar outra cor. Ed sabe que não tem a menor possibilidade com ela, mas, quem sabe, talvez Sergio tenha. Para tal, basta-lhe fazer de conta que é um atraente e sedutor brasileiro durante o resto da vida. Simples, não é? Só que nada é assim tão fácil…