domingo, 20 de março de 2011

A Odisseia de Homer (Gwen Cooper)

Quando a veterinária lhe ligou a contar a história de um gatinho cego que ninguém queria adoptar, Gwen não estava propriamente a pensar em levar para casa um terceiro gato. Ainda assim, a história de Homer abalara-a de tal forma que não se sentia confortável com uma recusa directa, pelo que se decidiu a conhecer o gatinho. E, desde o primeiro momento em que o viu, Gwen soube que, apesar de todas as dificuldades, não podia deixar que aquela criatura pequenina e tão estranhamente confiante ficasse sem um dono. E assim começou a sua história.
Qualquer pessoa que esteja habituada a lidar com gatos ou que tenha conhecimento de histórias com eles relacionadas, encontrará neste livro muitos pontos em comum a tantas outras histórias de felinos. E, ainda assim, não deixa de ser impressionante a história deste gato, tão frágil nalguns aspectos, mas tão activo e tão forte noutros. Um gato cego, com as dificuldades associadas à sua condição, mas também um animal terno e capaz de viver em relativa normalidade.
Há pontos de particular intensidade nesta história, nomeadamente nos capítulos dedicados ao 11 de Setembro. Em evidente contraste com as pequenas tragédias da vida quotidiana descritas nos primeiros capítulos, a intensidade quase dolorosa com que a autora descreve as suas vivências da situação transmite toda uma visão pessoal de como toda uma vida pode ser abalada em poucos minutos.
Se a leitura deste livro é, de forma geral, bastante envolvente, com os momentos divertidos associados às aventuras e desventuras de Homer, bem como com as circunstâncias mais emotivas, há, por outro lado, alguns momentos em que a autora acaba por se perder a falar mais da sua vida pessoal que propriamente dos seus gatos. E isto torna-se particularmente evidente na explicação das suas relações amorosas, revelando alguns aspectos não tão agradáveis do ponto de vista da autora perante o mundo.
Fica, portanto, como essencial ponto marcante deste livro a história de um gatinho inesperadamente forte, com uma intuição impressionante e uma relação muito particular com as pessoas em seu redor. E é esta sua história, apesar de um ou outro elemento mais repetitivo ou de menor interesse, que faz com que esta leitura valha a pena. Gostei.

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