sábado, 9 de abril de 2011

Desonrada (Sofia Hayat)

De uma infância complicada a uma vida de estrela. Contada pela sua própria voz, esta é a história de Sofia Hayat, desde as dificuldades de ser uma estranha num país desconhecido, passando por uma vida escolar marcada pelo preconceito e por uma situação familiar marcada por regras demasiado estritas, e até à concretização de um sonho para lá de todas as dificuldades.
O mais interessante na história deste livro é a presença de dois mundos em colisão num mesmo cenário. Afinal, Sofia cresceu em Inglaterra e se há algo que transparece no percurso da sua história é a diferença entre a forma de vida marcada por duras regras e uma forte obsessão pela honra da sua família (e de outros da sua comunidade) em contraste com os meios e oportunidades que Sofia podia apreciar nos seus colegas de escola. Este contraste torna-se progressivamente mais evidente para culminar num ponto de ruptura com o passado no momento em que a própria mãe de Sofia contrata um assassino.
Se a primeira fase deste livro, dedicada ao crescimento e às dificuldades da autora, cria com esta uma certa empatia, causada maioritariamente pela dura caminhada em direcção à liberdade, há algo que se torna menos cativante a partir do momento em que a autora passa a centrar-se no seu percurso no mundo das artes performativas. Não que não seja interessante ver a forma como alguém que vem de um cenário tão fechado e cheio de dificuldades conquistar um certo nível de sucesso. O que acontece é que a vasta quantidade de detalhes sobre celebridades, locais da moda e aspectos de estilo fazem com que a parte mais relevante da história - vida, luta e liberdade - acabe por passar para um segundo plano, o que leva a que parte do interesse se desvaneça.
História de um sonho dificultado por barreiras culturais, este é um livro que cativa essencialmente pela temática do preconceito e da luta por uma liberdade bloqueada por pessoas demasiado próximas. Pena que, por vezes, estas questões pareçam passar para segundo plano.

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