quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Hora do Vampiro (Stephen King)

Regressar a Jerusalem's Lot é, para o escritor Ben Mears, uma espécie de exorcismo para os seus demónios interiores. Uma experiência traumática com uma casa assombrada ficou para sempre como uma sombra na sua vida e, finalmente, Ben está disposto a afastar essa memória. Mas, na mesma altura do seu regresso, a velha casa foi comprada por uma figura misteriosa e, alguns dias depois, estranhos desaparecimentos começam a suceder. Há algo de estranho em Jerusalem's Lot. E nem mesmo um escritor obcecado com os seus fantasmas poderia adivinhar que sombras se movem na noite daquele lugar...
Viciante seria uma palavra adequada para descrever este livro. Com a mestria já habitual no que toca a criar momentos de tensão e a manter no ar uma constante aura de mistério, o autor construiu neste livro uma história complexa, arrepiante e difícil de largar. Desde as primeiras páginas, que deixam desde logo muitas perguntas na mente do leitor, à conclusão final, onde o essencial é encerrado, mas onde as muitas surpresas deixam também em aberto algumas possibilidades, e passando por toda uma série de situações intensas e reviravoltas inesperadas, a história deste livro é um enigma constante, um percurso envolvente onde os momentos de acção são poderosos, mas também meticulosamente contextualizados. Aliás, um dos grandes pontos de interesse ao longo da narrativa é a forma directa e completa como o autor caracteriza a vida num ambiente pequeno, com todas as suas peculiaridades.
Um outro aspecto a mencionar é que, sendo este um livro de vampiros, no sentido mais clássico da "espécie", há todo um mistério criado em volta das criaturas que, durante uma parte considerável do enredo, permanecem por identificar. Já na fase final, ultrapassado todo o percurso de dúvida e necessidade de crer no impossível (esta necessidade, aliás, está particularmente bem explorada nas diferentes dificuldades levantadas por cada personagem quando confrontada com uma história racionalmente inaceitável), é também interessante notar que, para além do crescimento em intensidade no que toca ao ritmo da acção, há uma série de pequenos paralelismos com o clássico Drácula (de Bram Stoker), quer na situação de Ben e Susan (a evocar, por momentos, a situação de Arthur e Lucy na obra de Stoker) quer no progresso da "missão" a partir do momento em que se torna necessário descobrir e exterminar Barlow.
Intenso, sombrio e envolvente desde as primeiras páginas, este é um livro que, quer pela história fascinante, quer pela forma como as vidas das múltiplas personagens se cruzam (revelando interessantes detalhes das suas personalidades), cativa da primeira à última página. Recomendo sem reservas.

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