quarta-feira, 19 de outubro de 2011

As Escadas de Papel (Adelino Gonçalves Machado)

Monólogos e reflexões, de diferentes temáticas e num tom que varia entre a introspecção e uma visão mais global da sociedade circundante, dão forma a este pequeno livro. São pequenos textos, de uma a três páginas, que reflectem de forma breve, mas bastante precisa, os pontos de vista do autor. E é fundamentalmente na diversidade que se encontra o ponto forte deste livro. Ao percorrer diferentes temas, cria-se uma maior probabilidade de encontrar algo nos textos com que diferentes leitores se possam identificar. A base do livro tem, portanto, algum potencial e há alguns textos muito bem conseguidos em termos de conteúdo.
Há, contudo, dois problemas. O primeiro reflecte-se mais nalguns textos e diz respeito à brevidade. Se, nalguns dos textos, a reflexão curta e directa parece estar na medida certa, outros há que deixam a impressão de muito mais poder ser dito. Principalmente nos temas mais centrados na sociedade e menos no indivíduo, um maior desenvolvimento do texto permitiria, talvez, um aprofundar da temática que tornaria a abordagem mais completa.
O outro problema reside na falta de uma revisão atenta, principalmente a nível de pontuação, onde vírgulas ausentes ou colocadas onde não deviam estar atrapalham o ritmo de uma leitura que, caso contrário, não deixaria de ter os seus pontos de interesse. É pena, porque, apesar da brevidade de alguns textos, há elementos de interesse a nível de conteúdo e algum cuidado na revisão teria evitado a perda de fluidez na escrita.
Fica, pois, desta leitura a ideia de uma obra feita de algumas ideias interessantes e de alguns textos bem conseguidos, mas que, com o devido trabalho de revisão e, talvez, um pouco mais de desenvolvimento de alguns temas, poderia ter sido muito mais.

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