domingo, 26 de fevereiro de 2012

Maçã de Zinco (Alice Caetano)

Breves reflexões sobre um momento ou uma situação, paisagens descritas com a perspectiva pessoal dos olhos que a observam, momentos de introspecção sobre os momentos e as formas de vida quotidiana ou simplesmente sobre as influências da arte e da vida no crescimento individual... Dos textos que constituem este pequeno livro, há uma diversidade de temas que se conjugam no que é, afinal, uma visão sobre a multiplicidade de experiências da vida. E em cada texto há uma imagem para descobrir, uma imagem por vezes simples, por vezes com a estranheza do onírico, formando um pequeno fragmento da paisagem maior que é o livro.
Da mesma forma que a diversidade de temas é o primeiro ponto que se destaca, também a forma como a escrita se adapta ao tema surpreende ao longo da leitura. Por vezes como descrição algo surreal de uma paisagem interior, por vezes como a simples percepção do que rodeia, por vezes ainda alcançando um registo de quase fábula para falar da sociedade em volta, mas sempre com uma fluidez que parece adequar-se na perfeição ao tema abordado. Alguns dos textos têm apenas poucas linhas, outros são mais extensos. Muitos têm algo de pessoal no seu interior, mesmo que apenas observando um lugar, ou uma história que emocionou. De todos, o que de melhor fica é a impressão de que, com algumas páginas, ou apenas um parágrafo, a visão é sempre completa. Mesmo nos textos mais curtos, onde o que é dito é simples e o ambiente será, talvez, algo de mais vasto, nunca fica a sensação de algo em falta.
Havendo ao longo do livro uma série de diferentes temas, e até de abordagens a várias circunstâncias, há, naturalmente, textos que marcam mais que outros. Sobressai, ainda assim, a nitidez das descrições e a intensidade de alguns textos mais emocionais, sendo estes os que mais cativam de entre um todo que é, na globalidade, bastante interessante.
Poético e simples em simultâneo, feito de breves visões, mas com uma forma de escrita muito interessante, fica, deste Maçã de Zinco, a impressão final de uma leitura cativante, com uma interessante conjugação entre o imaginário distante e os simples gestos do quotidiano e onde, apesar a curiosidade em saber mais sobre alguns dos elementos descritos, o essencial está sempre lá. Uma boa leitura, em suma.

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