sábado, 30 de junho de 2012

O Primeiro Alquimista (Sofia Martinez)

Enquanto percorrem o vale em busca do minério necessário para fabricar bronze, o mestre fundidor a aldeia da Fraga e o seu aprendiz ouvem um pedido de ajuda. O que encontram é uma rapariga desconhecida, nitidamente em circunstâncias difíceis e muito assustada ante a perspectiva de ter de revelar seja o que for a seu respeito. Mas Bran não lho exige e, encantado com o que parece ser uma bênção da sua deusa, decide levar a rapariga consigo até à aldeia, onde espera poder adoptá-la como sua filha. Mas a estranha, a quem Bran chamou Nan-tai, tem também os seus segredos e a razão que a levou a uma fuga desesperada pode ser denunciada, pois o seu povo de origem prepara-se para estabelecer relações com o povo da Fraga.
Centrada, em grande medida nos dois protagonistas e na forma como estes assumem o seu papel perante o povo que passa a ser o seu, esta é uma história aparentemente muito simples, mas que, escrita com fluidez e conjugando as medidas certas de acção, contexto e emoção, se torna envolvente desde as primeiras páginas. A aprendizagem do jovem Tor e a fuga desesperada de Breia servem de base para uma apresentação bastante directa, ainda que sem grandes elaborações, dos costumes e modos de vida na Idade do Bronze, quer no respeitante às tradições e ao papel desempenhado por cada elemento da aldeia, como às crenças, ritos e formas de veneração. É, aliás, bastante fácil assimilar o cenário em que decorre a história, já que o desenvolvimento surge na medida em que é relevante para o enredo, e os momentos em que é necessária uma maior explicação (como no caso do fabrico do bronze) são apresentados de forma clara e cativante.
Também a relação entre as personagens é bastante interessante. Se o elo mais evidente é o que une Tor a Nan-tai, com a empatia mútua e um certo sentido de protecção a ganhar destaque, há ainda outros que sobressaem, como a convivência entre Loun e Binan, filhos do chefe da aldeia, surge sem grandes desenvolvimentos, mas evolui de forma interessante, na medida em que, evidente em primeiro lugar pelos seus defeitos, Binan cresce para ser alguém bastante melhor, nos momentos mais importantes. E há ainda a ligação à irmã de Tor, que acrescenta um agradável toque de inocência a um cenário em que os interesses do povo parecem ser, por vezes, o único aspecto relevante.
Fica, nalguns momentos, a sensação de que mais haveria a explorar. Os elementos mais importantes da história são desenvolvidos e não ficam propriamente pontas soltas, mas há situações que parecem ser resolvidas de forma um pouco apressada, deixando a impressão de que mais haveria a ser dito, quer sobre essas circunstâncias, quer sobre os dilemas e escolhas das personagens que as caracterizam. Não são elementos que prejudiquem a coerência do enredo, mas deixam em aberto a possibilidade de uma história que poderia ter sido, talvez, um pouco mais complexa.
Trata-se, em suma, de uma história envolvente e de leitura agradável, com um núcleo de personagens relativamente curto, o que proporciona um enredo bastante simples, mas que cria um cenário claro e interessante do que terá sido a vida na Idade do Bronze. Cativante e com alguns momentos particularmente marcantes, uma boa leitura.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mentiras (Michael Grant)

Passaram sete meses desde que todos os adultos desapareceram. Na ZRJ, o problema da falta de comida parece estar solucionado, pelo menos temporariamente, e o Conselho recentemente instituído procura uma forma de instaurar um sistema de regras. Mas a situação real está bem longe de ser pacífica. O Bando dos Humanos continua determinado em livrar-se dos que considera anormais. Orientada por uma rapariga que ninguém parece conhecer, Orsay clama ser capaz de ver os sonhos dos adultos que desapareceram, e anuncia que a forma de recuperar os seus familiares é simplesmente não lutar, quando o momento de desaparecer chega. O temível Drake, que todos julgavam morto, é visto a deambular pela ZRJ. E, enquanto os conflitos se tornam cada vez mais complexos, erguendo barreiras até entre Sam e Astrid, que deveriam ser os pontos de orientação para todos os outros, um incêndio destrói Perdido Beach, precipitando acontecimentos que se insinuavam já na tensão entre os diferentes grupos em conflito.
Se, nos primeiros volumes desta série, havia, por vezes, uma impressão de estranheza, devido não só à premissa do enredo, mas também à desordem resultante de um amplo conjunto de personagens a tentar lidar com o inesperado e sobreviver tendo em vista, em primeiro lugar, os seus próprios interesses, em Mentiras parece ter-se instalado uma relativa estabilidade. Não a nível de acontecimentos, entenda-se. A acção continua a ser uma constante e basta um instante para que tudo mude nos rumos da ZRJ. Há, antes, uma maior fluidez, mais facilidade em acompanhar o ritmo dos acontecimentos, quer porque muitas das personagens são já familiares, sendo mais fácil assimilar as suas acções e dilemas, quer porque os grandes inimigos parecem estar já bem definidos.
Há, ainda assim, várias mudanças a decorrer na ZRJ, o que permite uma história sempre envolvente e com várias surpresas ao longo do percurso. Aos grupos já conhecidos e às personagens que ganham maior protagonismo, juntam-se novos elementos, alguns deles de presença relativamente discreta, mas crucial para a evolução do enredo no sentido de uma conclusão intensa e inesperada. São, apesar disso, as personagens mais familiares os protagonistas dos momentos mais marcantes: Mary, com o seu importante papel na situação da Profetisa, mas também com a exposição dos seus demónios pessoais; Astrid, com as suas convicções demasiado arreigadas a revelar um aspecto mais sombrio da sua personalidade; e, principalmente, Sam, o líder procurado nos momentos difíceis, mas cada vez mais só com o seu papel na ZRJ e os demónios resultantes dos acontecimentos anteriores.
É inevitável, tendo em conta as circunstâncias dos protagonistas, que haja um lado sombrio e algo perturbador nesta história. Assim, impressiona a forma como o autor consegue conjugar as agruras do que é, no fim de contas, uma luta pela sobrevivência, com todos os sacrifícios e escolhas difíceis que sejam necessários, com aquele toque de esperança que mantém viva a necessidade de lutar, ao mesmo tempo que explora um cenário cada vez mais complexo (quer a nível do que causou a ZRJ e dos perigos nela contidos, quer na própria tensão emocional que toma posse das personagens), sem que se perca o ritmo viciante.
De leitura compulsiva, com um notável equilíbrio entre o lado mais sombrio do enredo e os valores ainda sólidos das personagens que povoam a história,  personagens que cativam tanto pela força como pelos defeitos que evidenciam, o autor acrescenta, neste livro, uma série de novas tribulações e revelações à já complicada história da ZRJ e dos seus habitantes. Um livro viciante, surpreendente, e com as medidas certas de acção e de emoção. Muito bom.

Novidade Bertrand


No Inverno de 2009 nevou em Dublin. Gina recorda a senda de desejo e de acaso que a levou a apaixonar-se por Seán, «o amor da sua vida», e a deixar o homem com quem vivia. Enquanto a cidade lá fora fica paralisada, Gina recorda os tempos que passaram em diversos quartos de hotel: longas tardes que a felicidade e a negação tornaram indistintas. 
Agora, enquanto as ruas silenciosas, a quietude e a vertigem da neve que cai tornam o dia luminoso e pleno de possibilidades, Gina enfrenta a intempérie para se ir encontrar com uma rapariga a quem chama o «belo erro» de Seán: Evie, a sua frágil filha de doze anos.
Neste romance extraordinário, que é uma espécie de caixa de segredos, Anne Enright dirige-se directamente aos leitores com o relato de acontecimentos súbitos e decisivos da vida quotidiana, com as relações voláteis entre as pessoas, com a frescura do olhar para cada estremecimento e gesto, com a captação irónica e exacta das famílias, do casamento e da fragilidade da meia-idade. 

Anne Enright nasceu em Dublin, onde actualmente vive e trabalha. Publicou dois volumes de contos, compilados com o título de Yesterday’s Weather, um livro de não ficção intitulado Making Babies e quatro romances, o mais recente dos quais é  Corpo Presente, o  Man Booker Prize de 2007 e classificado como O Romance Irlandês do Ano.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Templo da Magia (Joseph L.L. Junior)

Durante uma viagem à Argentina, Gregório depara-se com um mistério que o leva a alterar os planos da sua viagem. Mas o que o atrai, e que julga ser apenas curiosidade, irá alterar bem mais que o rumo das suas férias, pois, a partir do momento em que um misterioso artefacto é depositado nas suas mãos, o futuro de Gregório parece ser do interesse de demasiados elementos desconhecidos. É que o cilindro está associado a uma antiga maldição e, ainda que Gregório seja um céptico relativamente ao sobrenatural, tanto aliados como inimigos estão dispostos a fazer o que for preciso para que o Escolhido cumpra o seu destino. E a vida normal de Gregório será completamente abalada, enquanto tenta resolver o enigma de uma maldição com origem numa civilização (supostamente) inexistente.
Com a acção como elemento predominante ao longo de toda a narrativa e um conjunto de personagens cujo partido na situação é, por vezes, difícil de definir, o mais interessante nesta história está na forma como o autor conjuga os elementos de uma mitologia e crença no sobrenatural que se torna gradualmente mais evidente com um enredo que tem muitas das características dos thrillers históricos. A história começa com a descoberta de um artefacto misterioso, que parece estar destinado ao protagonista há já algum tempo, e, a partir desse ponto, a sua vida é virada de pernas para o ar. Todas as suas investigações são acompanhadas de perto por alguém interessado em interferir, inimigos e aliados estão sob a alçada de sociedades secretas e, a cada novo passo no sentido de resolver o enigma, há alguém próximo que sofre as consequências. 
O lado inesperado é, portanto, a forma como a magia evolui ao longo do enredo, começando por ser um elemento estranho e, aparentemente, evocado pela ilusão de uma experiência traumática, para passar a ser o ponto fulcral de todos os acontecimentos. Magia que ganha protagonismo ao mesmo tempo que toda a questão em torno da civilização perdida da Atlântida e da maldição associada a este continente - e que se terá manifestado, mais tarde, em outros lugares e por outras razões - vai sendo mais explorada.
Fica, por vezes, a impressão de que certos momentos poderiam ter sido mais desenvolvidos, quer por algumas soluções demasiado simples, quer pela contextualização tanto das personagens como das antigas civilizações e da associação destas à magia, aspectos que poderiam ter sido mais longamente explorados. A história é, ainda assim, bastante cativante e, à medida que o enredo evolui para culminar num final algo inesperado, a curiosidade em saber mais sobre as razões do que se passou e o que se seguirá depois vai também aumentando. A escrita é também agradável, ainda que bastante simples, mantendo a envolvência do ritmo de leitura.
Trata-se, em suma, de um livro que conjuga elementos mitológicos e esotéricos num enredo onde é a acção o elemento dominante, o que resulta numa história envolvente. Muito é deixado em aberto na conclusão deste livro e há alguns aspectos que poderiam ter sido mais aprofundados, mas o resultado global é o de uma história interessante e uma leitura agradável. Gostei, portanto.

Novidade Quetzal


Sofonisba, a nobre cartaginesa; Sofonisba, a pintora renascentista; Sofonisba, a historiadora de arte. “Sofonisba. Um  nome assim é uma predisposição romanesca”, dirá o narrador desta história, o biógrafo  de Pedro  de  Andrade Caminha,  que se vê envolvido no caso do desaparecimento de um quadro do século XVII que representa as três graças.
Neste romance que cruza os caminhos do presente de uma burguesia culta da Foz do Douro com os de um passado clássico, as coincidências e os encontros de acaso podem ter consequências funestas  – ou apenas altamente surpreendentes.
“Le bonheur n’est pas grand tant qu’il est incertain - a felicidade não é tão grande quanto o é incerta – proferiu Sofonisba, enquanto figura trágica de Corneille, uma tirada que serve o tom geral desta cativante incursão ao universo ficcional, e de inesgotável erudição, de Vasco Graça Moura. E enquanto a matrona de Cartago escolhe o veneno à submissão aos soldados de Roma, Sofonisba, filha de  Asdrúbal Parente, apanha o comboio de mercadorias às 6 h 12 de uma pardacenta madrugada de Gaia.

Vasco Graça Moura, poeta, ficcionista, ensaísta e tradutor, foi advogado, secretário de Estado, director de Programas do Primeiro Canal da RTP, administrador da Imprensa Nacional  - Casa da Moeda, comissário-geral para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, comissário dePortugal para a Exposição Universal de Sevilha e comissário de Portugal para a exposição internacional «Cristoforo Colombo, il naviglio e il mare». Dirigiu o Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian. Colabora regularmente com a televisão, a rádio, jornais e revistas. Foi deputado ao Parlamento Europeu de 1999 até 2009. Entre os inúmeros prémios literários que recebeu, contam-se o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1997), o Grande Prémio de Poesia da APE (1997) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004). Foi galardoado em 2007 com o Prémio Vergílio Ferreira e com o Prémio Max Jacob de poesia estrangeira e, em 2008, com o Prémio de Tradução do Ministério da Cultura italiano pelas suas traduções de Dante e de Petrarca.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Solstício de Verão (Tara Moore)

A cada ano em Carrickcross, o Baile do Solstício de Verão é um evento imperdível. Mas, desta vez, está destinado a ser ainda mais especial. O plano é que o evento seja também a data oficial do noivado entre Ashling Morrisson e Rossa Granville, supostamente o melhor dos motivos para celebrar. Mas a verdade é bastante mais complicada. É que há uma inimizade sem tréguas entre Coppelia Morrisson, madrasta de Ashling, e Honoria Granville, avó de Rossa, e o que parece ser uma união entre dois apaixonados esconde os meandros de uma manobra decisiva na batalha entre as duas mulheres. É que ambas têm segredos no seu passado e ambas estão habituadas a manipular tudo e todos, demore o tempo que demorar, de modo a conquistar a vitória. E as verdadeiras razões, só elas as sabem.
Apesar de ter um noivado como ponto de partida, este não é um livro em que o romance tenha grande protagonismo. Funciona, antes, como ponto central de uma história de vingança e preservação de ressentimentos antigos, num enredo com um nível de intriga digno de qualquer corte real. Assim, o que parece, inicialmente, ser a história da relação entre um casal cujas famílias não se entendem acaba por se revelar como algo bem diferente e mais complexo. A história não diz respeito apenas a Ash e Rossa, mas a todos os que os rodeiam nos preparativos para o noivado e, em particular, à complexa e peculiar família Granville.
O que autora apresenta neste livro é, acima de tudo, uma história sobre os segredos do passado e as suas consequências. E fá-lo com um enredo inesperadamente complexo, onde empatia e atracção se conjugam com traição, vingança e morte, tendo como base um elenco de personagens que fascinam pela sua complexidade e ambiguidade moral. De todos os intervenientes nesta história sobressaem forças e fragilidades, podendo a mesma figura despertar compaixão e empatia e, no momento seguinte, revelar-se no seu lado mais detestável. Claro que há alguns que são mais constantes que outros e, neste aspecto, os valores que definem a personalidade de Carrick são bastante sólidos (ainda que ensombrados por um certo preconceito), criando um forte contraste com o lado psicótico dos gémeos Indigo e Sapphire, protagonistas de vários dos elementos mais sinistros do enredo. 
Esta é, portanto, uma história de emoções e situações divergentes. Ora apresenta momentos enternecedores, ora situações simplesmente revoltantes. Num momento, tudo parece encaminhado para um "felizes para sempre", para logo a seguir surgir o lado mais sombrio da história e das personagens. O resultado é uma história sempre envolvente, com muitos momentos surpreendentes e um final intenso e tão moralmente ambíguo como várias das personagens que o protagonizam. 
Com um conjunto de personalidades contrastantes e uma história surpreendente, Solstício de Verão conjuga na perfeição a descontracção dos momentos mais leves com o lado mais sombrio e complexo que se torna inevitável quando se explora o passado. Intenso e viciante... Muito bom.

Novidade Bertrand

Timoteo é um dos cirurgiões  mais conceituados de Itália, casado com uma mulher lindíssima, com quem vive num apartamento de luxo e numa villa junto ao mar. Tudo na sua vida parece envolto em sucesso e glamour. Mas eis que a filha de quinze anos tem um acidente e é levada em coma para o hospital onde ele trabalha. Enquanto um colega faz uma delicada operação à cabeça da rapariga, o agonizante Timoteo prende irremediavelmente o leitor na teia da sua espantosa confissão. É que, debaixo do verniz da sua vida encantadora, reside uma história sórdida, degradante, da mais estranha das paixões. Timoteo partilha connosco o seu fatídico romance com uma mulher que, desde o primeiro momento, corrói tudo aquilo que ele julgava saber acerca de si próprio. 
O arrepiante retrato de um homem extraordinariamente seguro de si que perde todo o controlo sobre a sua vida e as suas emoções tem arrebatado leitores  do mundo  inteiro  e deu origem  a um filme homónimo, protagonizado por Penélope Cruz.

Margaret Mazzantini nasceu em Dublin, filha de uma artista plástica irlandesa e de um escritor italiano. Foi actriz de cinema, televisão e teatro mas é sobretudo reconhecida pela sua obra literária. Venceu o prémio Strega com  Não te Mexas, adaptado ao cinema e protagonizado por Penélope Cruz, que vendeu mais de dois milhões de exemplares só em Itália e foi um best-seller  internacional, traduzido em mais de 30 línguas. Vir ao Mundo venceu o prémio Campiello e está a ser adaptado  ao grande ecrã. Será também protagonizado por Penélope Cruz.
Vive em Roma com o marido e os quatro filhos. 

Novidade Sextante


Alexandria: a joia de um império que António e Cleópatra vão arrastar na sua queda. Dos amores do Imperator e da rainha do Egipto tinham nascido três crianças. Príncipes efémeros, que cresciam entre o ouro e a púrpura do bairro real juntamente com o seu meio-irmão mais velho, o menino faraó nascido da relação de César e Cleópatra. Quatro crianças com um destino trágico. Com dez anos no momento da tomada da cidade e do suicídio dos pais, a pequena Selena, única sobrevivente desta ilustre família, não esquecerá nunca a aniquilação do seu reino, da sua dinastia, dos seus deuses.
Com sensibilidade e força romanesca, Françoise Chandernagor inicia a narração da vida desconhecida da última dos Ptolomeus neste primeiro volume do tríptico A rainha esquecida.

Françoise Chandernagor nasceu numa família de maçons da Creuse cruzados com descendentes de um escravo indiano. Após um começo de carreira nas altas magistraturas do Estado, dedicou integralmente a sua vida à escrita, a partir de 1993. O seu primeiro romance, A alameda do rei (1981), atingiu 600 000 exemplares de vendas em França e foi traduzido em todo o mundo. 
É, desde 1995, membro da Academia Goncourt, presidindo actualmente ao júri do Prémio Goncourt.

Novidade Bertrand


O doutor Felix Hoenikker, um dos «pais» da bomba atómica, deixou à humanidade um legado fatídico. Foi ele o inventor do gelo-nove, um químico letal capaz de congelar o mundo inteiro.
As investigações de John, o escritor que está a preparar uma biografia de Felix, conduzem-no aos três excêntricos filhos do cientista, a uma ilha nas Caraíbas onde se pratica a religião bokononista e, mais tarde, ao amor e à loucura.Narrado com um humor desarmante e uma ironia amarga, este livro de culto acerca da destruição global é uma sátira hilariante e assustadora sobre o fim do mundo e a loucura dos homens.

«alguém ou alguma coisa me impeliu a estar em certos lugares em determinados momentos, sem falha. Foram providenciados meios e motivos, tanto convencionais como bizarros. E segundo o plano, a cada dado instante, em cada dado lugar, lá estava este Jonah aqui:
Escutem:
Quando eu era mais novo  – duas mulheres, 250 000 cigarros e 750 litros de cerveja atrás…
Quando eu era muito mais novo, comecei a reunir material para um livro a ser intitulado  O Dia Em Que o Mundo Acabou.»

Kurt Vonnegut nasceu em Indianapolis a 11 de Novembro de 1922 e morreu em Nova Iorque a 11 de abril de 2007. Licenciou-se em Química e alistou-se no exército americano, com o qual combateu na Segunda Guerra Mundial. Foi feito prisioneiro e presenciou o bombardeamento de Dresden. Após a Guerra, formou-se em Antropologia É autor de vários romances, ensaios e peças de teatro, entre os quais se destaca Matadouro 5 ou A cruzada das Crianças de 1969.

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Turno da Noite (Stephen King)

Medo. O irracional e o justificado, causado por elementos inexplicáveis ou induzido pela simples crueldade humana. Do medo - de todos os medos - vivem as histórias de que é feito este livro. E o tema central destes contos é muito bem introduzido, antes das histórias propriamente ditas, primeiro pelo Prefácio de John D. Macdonald, onde este expõe de forma interessante, ainda que num tom algo agressivo, a sua visão dos elementos que moldam a formação de uma história, e depois pela Introdução do próprio Stephen King. Nesta, o autor desenvolve uma impressionante e cativante reflexão sobre a natureza do medo, o seu lado irracional e a relação com a escrita. Expõe também a sua visão da escrita enquanto quase obsessão, apresentando também algumas possíveis explicações para o fascínio da literatura de horror e sobrenatural. Tudo isto, num tom envolvente e de quase proximidade com quem lê.
Mas passemos aos contos. O primeiro é Jerusalem's Lot e apresenta a correspondência de um homem que acaba de se mudar para uma casa supostamente assombrada. Complementar ao romance A Hora do Vampiro, esta é uma história cativante, construída em tom de mistério e com alguns laivos de macabro, crescendo em intensidade à medida que os aspectos mais perturbadores do enredo vão sendo revelados. Intenso, arrepiante e com um final surpreendente, um conto impressionante em todos os aspectos.
Turno da Noite trata da limpeza de um piso deixado ao abandono durante demasiado tempo e das peculiaridades da fauna que se instalou no lugar. De ritmo pausado, mas intrigante e misterioso, este conto conjuga iguais medidas de tensão e repulsa (esta particularmente evidente na descrição dos ratos e do ambiente geral da cave), num resultado interessante e com um final surpreendente, deixando, ainda assim, algumas perguntas sem resposta.
Num cenário devastado por uma epidemia de gripe, um grupo de indivíduos divagam pela vida, à espera que algo aconteça. Esta é a história de Surf Nocturno e a primeira sensação que evoca é de estranheza. O rumo dos acontecimentos torna-se interessante, ainda assim, principalmente pela visão do que seria viver para sempre na iminência da morte. Fica, do final ambíguo e do desenvolvimento do tema, uma vaga sensação de melancolia e de solidão.
Segue-se Eu Sou a Porta de Entrada, história de uma viagem espacial que deixa estranha sequela num dos seus elementos. Pausado, misterioso e cativante, um conto que cativa principalmente pela progressivamente mais marcante e sinistra percepção que o protagonista ganha relativamente ao que tem dentro de si. Perturbador e, ainda assim, de leitura viciante. Já A Mutiladora usa um acidente industrial de contornos particularmente macabros como base para uma história de máquinas com instinto assassino. Directo, sombrio e com momentos algo macabros, escrita com a medida certa de mistério, esta é uma história viciante, que impressiona pela intensidade com que as possíveis explicações para o mistério da máquina servem de base a acontecimentos cada vez mais perturbadores. Muito interessante no desenvolvimento da ideia de uma possível possessão demoníaca, culmina num final algo ambíguo, mas que se adequa perfeitamente às circunstâncias descritas ao longo do enredo.
De um homem que se culpa pela morte dos filhos e das razões que tem para o fazer se define a história de O Papão, história que apresenta um protagonista cujas convicções absolutas e atitude dominante o tornam tudo menos propício à empatia, mas que tem como base um enredo interessante e escrito de forma envolvente. A este conto segue-se Matéria Cinzenta. Tendo como base uma lata de cerveja contaminada por um bolor muito peculiar, apresenta essencialmente uma situação curiosa (e algo sinistra), com um bom contraste entre a quase descontracção do tom e a estranheza das circunstâncias. Intrigante, envolvente, e com um final perturbador, uma história interessante.
Segue-se Campo de Batalha, história do último trabalho de um assassino profissional e da investida de um pequeno exército. Peculiar na sua globalidade, tem como base uma situação bastante caricata, que, desenvolvida de forma intrigante e com um final bem conseguido, surpreende pela sua interessante ideia de vingança. Camiões, por sua vez, apresenta um grupo cercado por veículos que ganharam vontade própria. Envolvente na estranheza da situação que desenvolve, misterioso e com um tom algo sinistro, o ponto forte deste conto está na construção da tensão ao longo do enredo, associada ao medo do inexplicável e à luta por uma sobrevivência que parece pouco provável. Intenso, cheio de acção e com um final de impacto, um conto marcante.
Em Às Vezes Eles Voltam, um professor tenta entrar no mercado de trabalho, apesar das dificuldades pelo seu historial de colapso emocional. Envolvente, escrito de forma directa e sem grandes divagações, parece, a princípio, ser apenas a história de uma má experiência. Mas as possibilidades expandem-se com o evoluir do enredo, crescendo este em intensidade e complexidade. Com as marcas do passado como elemento central, esta é, acima de tudo, uma história sobre experiências traumáticas e ciclos que se repetem. O inexplicável complementa na perfeição a persistência do trauma no passado, abrindo portas para um final particularmente impressionante.
Primavera de Morangos trata de um aparente crime passional que se revela como apenas o primeiro de uma série de ataques. Interessante, escrito de forma cativante e com um final surpreendente, esta é, em suma, uma boa história, ainda que deixe, nalguns momentos, a sensação de que poderia ter sido mais desenvolvida. Também de paixão e relações trata O Friso, história de um marido traído, uma vingança e uma aposta irrecusável. Intrigante e intenso desde as primeiras linhas, apresenta personagens cativantes para uma impressionante história onde as acções se definem por laivos de sadismo. Sem nada de sobrenatural, apenas medo e crueldade humana, um conto perturbador e poderoso.
O Homem da Cortadora de Relva apresenta um homem que decide contratar alguém para lhe cortar a relva e é surpreendido por aquilo que obtém. Caricata, mas intrigante, uma história que se define pelo muito de peculiar no enredo e pelo final intenso, ainda que deixando também muito por explicar. Já em Quitters, Inc. o foco está num invulgar método para deixar de fumar. Misterioso, construído de forma aparentemente directa, mas num tom intrigante, a linha principal deste conto define-se por toda uma situação peculiar, evocando uma certa estranheza que logo evolui para choque, face à crueldade do método apresentado e à frieza com que este se justifica. Crescendo em intensidade à medida que se torna mais e mais perturbador, o impacto final é impressionante.
Em Eu Sei do que Você Precisa, uma rapariga conhece um rapaz que parece saber todos os seus desejos. A partir daí, as coisas começam a correr mal. Directo e envolvente, sem grande situações de tensão, mas construído num tom de mistério que abre portas para um final poderoso, um conto sobre obsessão com um curioso toque de sobrenatural. Filhos do Milho, por sua vez, trata de como uma viagem para salvar um casamento se transforma no último pesadelo de uma vida. Envolvente, misterioso e intenso, marca, em primeiro lugar, pela forma como evoluem as possíveis explicações para a situação apresentada. Impressiona também toda a construção alternativa aplicada aos elementos religiosos, com o tom macabro que isto confere à história. Perturbador e impressionante na sua reflexão sobre o fanatismo, um conto soberbo.
Segue-se O Último Degrau da Escada, onde uma carta traz de volta as memórias de um incidente do passado. Interessante, abre com ritmo pausado e um tom algo distante, mas torna-se mais envolvente à medida que se encaminha para uma conclusão surpreendente, intensa e de grande impacto emocional. E também de emoção vive O Homem que Amava as Flores, história de alguém que compra flores para oferecer à mulher amada. Breve, mas impressionante na transição entre o início quase enternecedor e a conclusão arrepiante, um conto curto, mas que fica na memória.
Em Um Para o Caminho, um desconhecido entra num bar durante um nevão. Também relacionada com 'Salem's Lot, a história começa de forma simples, no que parece ser apenas a história de alguém que ficou preso na neve durante uma grande tempestade. O enredo avança a um ritmo pausado, com um tom de mistério que é particularmente curioso, já que o leitor consegue facilmente entrever parte do que se passa, mas o protagonista não. Cativante, não se acrescenta neste conto nada de particularmente novo à história de 'Salem's Lot. Trata-se, apesar disso, de uma leitura interessante.
Por último, A Mulher no Quarto mostra um filho em visita ao hospital para ver a mãe. Também de ritmo pausado e bastante descritivo, o que marca neste conto é, principalmente, a visão do que são os últimos dias de uma doença terminal, tanto para o doente como para os familiares, juntamente com a ambiguidade de sentimentos do protagonista. Estranho, nalguns momentos, o que cativa neste conto é a interessante abordagem ao tema sempre pertinente da eutanásia.
Terminada a leitura destes contos, a impressão que fica é a de um conjunto cativante, com algumas histórias que sobressaem pela intensidade e pelo impacto dos eventos narrados, mas em que há algo de interessante e cativante a descobrir em praticamente todas as histórias. Recomendo.

Novidade Asa


 Carrie McClelland é uma escritora de sucesso a braços com o pior inimigo de qualquer artista: um bloqueio criativo. Em busca de inspiração, ela decide mudar de cenário e visitar a Escócia, onde se apaixona pelas belas paisagens e pelo Castelo de Slain, um lugar em ruínas que lhe transmite uma inexplicável sensação de pertença e bem-estar. Tudo parece atraí-la para aquele lugar, até mesmo o seu coração, que vacila sempre que encontra Stuart Keith, um homem que acaba de conhecer mas lhe é, também, estranhamente familiar.
 Com o castelo como cenário e uma das suas antepassadas – Sophia – como heroína, Carrie começa o seu novo romance. E rapidamente dá por si a escrever com uma rapidez invulgar e com um imaginário tão intrigante que a leva a perguntar-se se estará a lidar apenas com a sua imaginação. Será a “sua” Sophia tão ficcional como ela pensa?
 À medida que a sua escrita ganha vida própria, as memórias de Sophia transportam Carrie para as intrigas do século XVIII e para uma incrível história de amor perdida no tempo. Depois de três séculos de esquecimento, o “segredo de Sophia” tem de ser revelado.

Susanna Kearsley herdou do seu pai a paixão pela genealogia.
O passado e os seus efeitos no presente são temas recorrentes nos seus livros. Trabalhou como curadora num museu antes de se dedicar inteiramente à escrita. Foi galardoada com o prestigiado Catherine Cookson Award pelo seu romance Mariana (que a ASA publicará em breve) e viu O Segredo de Sophia integrar a lista de finalistas da Romantic Times, tendo-se tornado um best-seller mundial. Escritora multifacetada, usa o pseudónimo Emma Cole nos seus livros policiais.
Vive no Canadá, de onde é originária.

Novidades Planeta


Não foi a arte do engano que desconcertou Michael Hepburn, mas sim  a inocência. A sua recém-esposa era confiante, bonita e, para seu espanto, absolutamente fascinante.
Julianne Sutton sempre soubera que casaria com o marquês de Longhaven, como fora acordado anos antes pelas famílias.  No entanto, assumira que o marido seria Harry, o afável herdeiro ducal, e não o enigmático irmão. Quando Harry morreu de forma inesperada                    e Michael lhe sucedeu como o novo marquês, não foram apenas os planos de casamento de Julianne que se alteraram. 
Michael combatia um inimigo implacável num jogo de espionagem e engano, mas quando descobriu que a mulher tinha os seus próprios segredos, depressa descortinou que o amor se regia por um conjunto de regras completamente diferentes…



Emma Wildes cresceu a devorar livros e a escrita nasceu naturalmente. A autora costuma dizer que adora escrever porque adora ler.  Estudou na Universidade de Illinois é e licenciada em Geologia. Vive em Indiana com o marido e três filhos. Foi a autora n.º 1 do Fictionwise, WisRWA Reader’s Choice Award, vencedora na categoria de Romance Histórico em 2006, do  Lories Best Published, e em 2007 vencedora do Eppie para o melhor romance erótico. 



Para os que se apaixonaram por A Sombra do Vento e se deleitaram com O Jogo do Anjo, e para muitos outros amantes dos livros, o novo romance de Carlos Ruiz Zafón é uma verdadeira promessa de felicidade. 
A terceira parte da tetralogia O Cemitério dos Livros Esquecidos  brinda-nos com muito do que já testemunhámos nos dois livros anteriores  e prepara-nos para o grande desenlace desta aclamada série, que sairá dentro de alguns anos. 
O Prisioneiro do Céu tem um início arrebatador: um estranho entra na livraria dos Sempere e semeia a ansiedade no coração de Daniel, que terá de descobrir, pela mão do seu amigo Fermín Romero Torres, um passado que nunca suspeitava.  
Tudo isso, claro, acontece em Barcelona, 1957. Daniel Sempere  e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. 
Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. 
Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está  a crescer dentro de si. 

Carlos Ruiz Zafón é um dos autores mais lidos e reconhecidos em todo  o mundo. Inicia a sua carreira literária em 1993 com O Príncipe da Neblina  (Prémio Edebé), a que se seguem O Palácio da Meia-Noite, As Luzes de Setembro  e Marina.  
Em 2001 é publicado o seu primeiro romance para adultos, A Sombra  do Vento, que rapidamente se transforma num fenómeno literário internacional. 
Com O Jogo de Anjo (2008) regressa ao universo de o Cemitério dos Livros Esquecidos, que continua em O Prisioneiro do Céu. 
As suas obras foram traduzidas em mais de cinquenta línguas  e conquistaram numerosos prémios e milhões de leitores nos cinco continentes. 


Três anjos – Gabriel, o guerreiro; Ivy, a curandeira; e Bethany, a mais jovem e humana de todos – são enviados para levar o Bem a um mundo que sucumbe ao poder das trevas.  
Esforçam-se por esconder o brilho luminoso que os envolve, os poderes sobre-humanos que detêm e, representando o maior dos perigos, as asas,  ao mesmo tempo que evitam qualquer tipo de relação com os humanos. 
Mas Bethany conhece Xavier e ambos se revelam incapazes de resistir à atracção que sentem um pelo outro. Gabriel e Ivy tentam tudo para impedir aquela relação, mas o sentimento que une Xavier e Bethany é demasiado forte. 
Irá o amor lançar Bethany na perdição ou salvá-la? 

Alexandra Adornetto tinha 18 anos e 14 quando publicou o primeiro livro,  e The Shadow Thief, na Austrália.  
Filha de professores de inglês, confessa-se uma compradora de livros compulsiva que, ao ver-se sem espaço nas estantes, amontoa as suas leituras «em pilhas instáveis, no chão do quarto».  
Alex vive em Melbourne, na Austrália. Halo marca a sua estreia nos Estados Unidos e na Europa. 


Depois de fugirem da Academia Evernight, a escola de vampiros onde se conheceram, Bianca e Lucas refugiam-se com os Cruz Negra, um grupo de elite de caçadores de vampiros.  
Bianca obriga-se a esconder a sua herança sobrenatural ou corre risco de vida. 
Mas quando os Cruz Negra capturam o seu amigo Balthazar, todos  os segredos ameaçam ser revelados. 
Em breve, Bianca e Lucas orquestram a sua fuga com Balthazar, mas são perseguidos não só pelos Cruz Negra como pelos perigosos e poderosos chefes de Evernight. No entanto, por muito longe que consigam ir, Bianca não pode escapar do seu destino. 
Bianca sempre acreditou que o seu amor por Lucas poderia sobreviver a qualquer coisa, mas poderá de facto resistir ao que está para vir? 

Claudia Gray é o pseudónimo da escritora Amy Vincent, que vive em Nova Iorque. Trabalhou como advogada,  disc-jockey e, em tempos, foi empregada de mesa mal remunerada.  
O interesse que sempre teve por casas antigas, filmes clássicos e história teve um papel fundamental na criação do mundo de Evernight.


A tranquilidade  da noite veneziana é perturbada quando um bando  de homens armados força a entrada no apartamento do Dottor Gustavo Pedrolli, fracturando-lhe o crânio e levando o bebé de dezoito meses. 
Quando o Comissario Guido Brunetti, arrancado da cama pela notícia, chega ao hospital para investigar, ninguém sabe o porquê de tão violenta agressão ao eminente pediatra. 
Mas Brunetti em breve começa a descortinar uma história de infertilidade e desespero, e um submundo onde os bebés podem ser  comprados com dinheiro, entre um esquema fraudulento com farmácias e médicos da cidade. O conhecimento pode ser tão destrutivo como a ganância, certas informações acerca de um vizinho podem levar a todos os tipos de corrupção e a diversas formas de dor. 

Donna Leon nasceu a 29 de Setembro de 1942, em Nova Jérsia, mas viveu em Veneza durante vinte anos.  
Exerceu a actividade de Leitora de Literatura Inglesa na Universidade de Maryland. Há alguns anos a autora decidiu deixar o ensino para se dedicar  à escrita e à música barroca. 
Apesar de ter chegado à escrita por acaso, atingiu rapidamente o êxito com a série policial protagonizada pelo Commissário Brunetti, consagrando-se como A Grande Senhora do Crime. 
Os seus livros estão traduzidos em mais de 23 línguas e são um êxito de vendas e da crítica. A escritora venceu o Crime Writters Association Silver Dagger em 2000 na Europa e nos Estados Unidos.  




Novidade Porto Editora


 No decurso de uma longa noite de Maio, ténues laços se estabelecem e quebram entre os habitantes de três apartamentos: uma jovem família, uma mulher que espera o seu marido infiel e um grupo de homens reunido para prepararem o golpe que estão prestes a cometer… Qual o móbil por detrás desta conspiração assassina? Ódio ao povo negro, vingança pessoal ou busca de ganho fácil?
O relato dos acontecimentos, baseado em factos verídicos, é pretexto de múltiplas digressões, oferecendo-nos um quadro complexo que evoca habilmente a História moçambicana, desde a colonização portuguesa às intrusões perniciosas da África do Sul racista, passando pela insegurança e pela corrupção reinantes em Moçambique no período pós-independência.

Nasceu em 1935, na Ilha de Moçambique. É licenciada em Serviço Social pelo ISSSL. Depois de viver algum tempo em Inglaterra e no Brasil, regressou definitivamente a Moçambique, em 1971. Tem representado o seu país em vários eventos internacionais e integrou o Conselho Executivo da UNESCO em Paris, de 2001 a 2005. É membro de honra da Associação dos Escritores Moçambicanos, onde já exerceu os cargos de Presidente e Secretária-Geral.
A sua obra encontra-se traduzida em inglês, francês, alemão, italiano e sueco, e representada em várias antologias nacionais e estrangeiras.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Destinada (P.C. Cast e Kristin Cast)

De volta à Casa da Noite, pelo menos durante o período de aulas, Zoey Redbird prepara-se para fazer frente, da melhor forma possível, a Neferet. Mas como o fazer parece ser um enigma de difícil resolução. A mãe de Zoey foi assassinada, pelo que parte do seu objectivo é descobrir o que aconteceu, e o Alto Conselho dos Vampyros parece estar agora mais atento ao que acontece em torno de Neferet. Mas também esta tem novos aliados. Perdido o controlo de Kalona, cujo rumo parece ser agora o das suas próprias escolhas e nenhum outro, a proximidade entre Neferet e a Escuridão torna-se cada vez mais densa e caótica. Ainda assim, o seu novo protector talvez não seja a arma insensível que ela esperara. E Zoey tem em seu redor amigos e aliados que, apesar das suas próprias histórias e problemas, continuam prontos a desempenhar o seu papel na luta contra a Escuridão...
Parte do que torna este livro (tal como os anteriores) cativante, é a forma como as autores conseguem criar uma história envolvente, acrescentando novos elementos interessantes, mesmo quando a linha dos acontecimentos parece não acrescentar grandes mudanças ao conflito global. Se considerarmos a evolução do enredo ao longo da série, a oposição entre Neferet e Zoey (e, consequentemente, entre os lados que ambas representam), está, até bem perto da fase final, no mesmo ponto em que estava volumes antes. Ambas têm novos aliados, novos adversários e novas capacidades, mas continua a ser difícil vislumbrar que sentido tomará a resolução do conflito. Há algumas possibilidades interessantes a surgir neste livro, mas o seu verdadeiro efeito prático fica ainda por dizer.
O que mantém a curiosidade e a vontade de continuar a ler não está, portanto, no rumo global do conflito, mas antes nas pequenas coisas. Se há situações que continuam a soar um pouco forçadas, principalmente no que diz respeito a Zoey, também é certo que há novos elementos a surgir, quer sob a forma de novas personagens, quer numa maior presença ou na mudança inesperada de personagens familiares. Neste volume, destacam-se a intervenção de Tanatos e as mudanças operadas sobre as Gémeas, mas também as novas circunstâncias de Kalona e Refaim e o caminho do Dragão rumo à aceitação e à redenção possível. São, todos estes, pequenos aspectos numa história já muito longa e em que a questão central permanece ainda em aberto, mas são estes os aspectos que mais cativam nesta leitura.
A tendência que, desde os livros anteriores, se vinha a notar no sentido de alargar a história às outras personagens, desenvolvendo vários pontos de vista para lá do de Zoey torna-se ainda mais evidente neste livro. Ao apresentar a perspectiva de elementos dos dois lados do conflito, é possível conhecer mais das motivações dos aliados e dos adversários de Zoey. Ao explorar tanto o grupo de Zoey como os adultos, surge um curioso contraste entre a maturidade de alguns dos intervenientes e a mente ainda confusa de alguns elementos do grupo de Zoey. Disto resulta uma história mais envolvente, em que personagens até agora secundárias se tornam cada vez mais importantes, ao desenvolver uma história própria (e isto já não se aplica só a Stevie Rae e a Refaim, mas também a outras personagens que ganham particular relevância neste livro), complementando o papel de uma Zoey que, por mais dons que tenha, não tem a capacidade para lidar com tudo sozinha. Torna-se também mais fácil compreender as mudanças operadas sobre algumas personagens, quer a nível de troca de lealdades, quer a nível de descoberta pessoal.
Trata-se, portanto, de uma história em que, apesar de não haver muitos desenvolvimentos a nível do conflito principal, há bastante de interessante a descobrir nos pequenos acontecimentos e na evolução de algumas personagens. Cativante, com alguns momentos particularmente bons e deixando em aberto algumas possibilidades interessantes, mantém viva a curiosidade para o que se seguirá na série. Gostei.

Novidade Noites Brancas


Depois do bestseller Um Ano à Beira-Mar, uma obra autobiográfica sobre o percurso de uma mulher até à auto-descoberta e auto-realização, chega Passeio à Beira-Mar, um livro que nos inspira, nos incita a viver intensamente cada segundo da nossa vida.
A história de vida de Joan Anderson é um testemunho terno e sincero da sua condição de mulher, e, simultaneamente, um relato inspirador que tem ajudado milhões de pessoas a reencontrar a alegria de viver.

Joan Anderson é apresentadora de televisão, jornalista e autora de numerosos contos infantis, bem como do aclamado livro Breaking the TV Habit.
Numa tentativa de partilhar o que aprendeu ao longo do ano que passou junto ao mar, Joan Anderson criou o programa «Fim-de-Semana à beira-mar», de forma a ajudar outras mulheres a explorar o essencial da vida e a desfrutar o momento presente. Joan vive com o marido em Cape Cod, onde organiza os seus workshops. É ainda oradora frequente em palestras que versam os problemas das mulheres e o papel dos media nas nossas vidas.

domingo, 24 de junho de 2012

O Véu da Meia-Noite (Lara Adrian)

Determinado a fazer com que Sergei Yakut, vampiro de Primeira Geração, perceba que há uma ameaça a pairar sobre a sua cabeça, e que é algo bastante mais complexo que o facto de terem atentado contra a sua vida, Nikolai não desiste de fazer perguntas, na esperança de encontrar o vampiro. Mas as coisas não correm bem como ele esperava. Principalmente quando a misteriosa e sensual Renata, que parece ser apenas a companheira de Yakut, mas que esconde a sua situação precária através de uma máscara de força, se revela mais que a mulher que o atrai para uma situação perigosa. Afinal, talvez não seja só a vida de Yakut que está em perigo. E Nikolai talvez tenha de escolher entre o que tem de fazer para a Ordem e as acções ditadas pelo seu coração.
Tal como nos volumes anteriores desta série, o ponto mais positivo deste livro está na forma como a autora conjuga romance e sensualidade com uma história cheia de acção, mistério e uma boa medida de emoção não relacionada com o romance. Ainda que os protagonistas sejam Renata e Nikolai e que, como seja de esperar, haja uma parte significativa da história que diz respeito à relação entre ambos e à forma como esta evolui, a história não se limita ao casal e ao crescimento do seu romance. E isto aplica-se tanto aos protagonistas, ambos com uma história marcante no passado e um papel a desempenhar no cenário mais global da guerra em que a Raça está envolvida, como a figuras mais secundárias, mas também importantes para o enredo. Aqui destaca-se, como não podia deixar de ser, Mira, com o seu dom especial a complementar as razões afectivas que lhe dão importância para o rumo dos acontecimentos.
Uma vez que a maioria do enredo se passa longe da sede da Ordem, há uma menor intervenção das personagens já familiares dos livros anteriores. As que surgem são, ainda assim, bastante interessantes, proporcionando inclusive alguns momentos divertidos. Além disso, há uma história secundária a preparar terreno para o volume seguinte. A situação de Reichen e o grande acontecimento que abala a sua história estabelece desde já, uma certa medida de empatia, ao mesmo tempo que desperta curiosidade em ver como lidará o vampiro com os factos apresentados.
A situação da Ordem e dos seus inimigos sofre também alguns desenvolvimentos interessantes. Há muitos elementos e possibilidades que ficam em aberto, mas este livro desvenda um pouco mais sobre os planos de Dragos, ao mesmo tempo que acrescenta novos elementos para definir um possível rumo nas acções da Ordem. Também isto contribui para a envolvência da história, ao mesmo tempo que deixa muita curiosidade para o que virá depois.
E há ainda o romance. Aqui, o que mais se destaca é a forma como as personalidades dos protagonistas se complementam, quer por um código de valores relativamente aproximado, quer pelas sombras de um passado com algumas semelhanças. Ainda assim, e se a atracção acontece de forma relativamente simples, o aprofundar dos afectos acontece de forma relativamente gradual, quer pela dificuldade em confiar que caracteriza a natureza de Renata, quer pelas difíceis circunstâncias em que o romance se desenvolve. Assim, o romance complementa a acção, não se sobrepondo em demasia aos outros elementos interessantes da história.
Uma história interessante, com as medidas certas de acção, romance e mistério e um conjunto de personagens bastante interessante, O Véu da Meia-Noite acrescenta novos elementos ao percurso dos protagonistas desta série, sem perder de vista um enredo rico em emoção e sensualidade, mas que não se limita a estes elementos. Muito bom.

sábado, 23 de junho de 2012

Raiz de Orvalho e Outros Poemas (Mia Couto)

Evocações nítidas e imagens invulgares que se conjugam com uma fluidez límpida e cheia de harmonia. É isto, no essencial, o que define este conjunto de poemas em que o lado pessoal e íntimo da palavra se associa à construção, através de palavras e ritmos aparentemente simples, de um núcleo de imagens surpreendente. 
Na sua maioria breves, sem que transpareçam grandes elaborações a nível de linguagem, o que mais cativa nos poemas desse livro é a harmonia entre forma e conteúdo, a revelação das imagens mais inesperadas através de um estilo curto, simples, mas profundo no que evoca e próximo e íntimo nos sentimentos que desperta para com o sujeito poético. Cada poema é, por si só, um ponto de emoção onde o lado pessoal se cruza com laivos de um imaginário prodigioso. O resultado é um conjunto que grava imagens na memória, que traz à mente a evocação dos sentimentos universais e que surpreende também pela precisão como, de poucos e simples versos, brotam imagens tão nítidas, tão surpreendentes para emoções tão familiares.
Sobressai, portanto, o prodigioso equilíbrio entre a simplicidade da forma e a profundidade contida nas breves palavras de cada poema. Uma forma que se adequa na perfeição ao conteúdo, já que há, no lado mais emotivo e introspectivo de cada poema, um lado que é, ao mesmo tempo, pessoal e universal, nas emoções com que cada leitor se pode identificar. Os afectos, a nostalgia, a contemplação da passagem do tempo e dos rastos deixados pelo mundo... São sentimentos e temas intemporais e o autor explora-os com fascinante mestria, sempre com a tal simplicidade aparente que esconde uma mensagem mais profunda e mais vasta.
Fica, no fim desta curta leitura, a sensação de entrar num mundo que é, ao mesmo tempo, estranho e familiar, feito das mesmas emoções que movem o mundo, mas moldadas em imagens muito particulares, que surpreendem ao mesmo tempo que se reconhecem. Belo pela fluidez das palavras e marcante pelas emoções... Muito bom.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Álbum de Verão (Emylia Hall)

Tudo começa quando o pai decide, inesperadamente, fazer-lhe uma visita. Não sendo um hábito entre eles, Beth acha estranha a decisão, mas decide tirar o melhor proveito das circunstâncias. Mas há uma razão para essa visita e, quando o pai chega com uma encomenda enviada da Hungria, Beth não quer aceitar, pois não sabe como reagir. A visita acaba por durar apenas mais uns instantes... Mas o efeito perdura. É que a encomenda traz notícias da morte da mulher a quem Beth chamou mãe e um álbum com as fotografias dos verões passados na Hungria. Sete verões de alegrias e de sonhos... que acabaram num momento em que tudo mudou.
É no passado que reside o centro desta narrativa: no passado de Beth e na forma como este a marcou, mas também no passado que definiu as relações familiares nos primórdios da sua existência. Há, portanto, um núcleo relativamente simples de personagens, mas um conjunto de histórias pessoais que se entrecruzam no que é, em suma, uma história de relações e das circunstâncias que moldam o seu curso. Ainda que o essencial da história gire em volta dessas poucas personagens, há uma inesperada complexidade na forma como as suas vidas pessoais se cruzam num todo mais vasto.
No centro de tudo, está Beth. A Beth adulta, mas ainda e sempre a viver na sombra do passado, que recorda a sua história ao encontrar as imagens esquecidas no Álbum de Verão, e que, ante o reviver das recordações, tem, finalmente, de decidir o que quer do seu futuro, mas também a Beth que viveu esses sete verões, no tempo em que ainda era Erszi, a criança dividida pela separação dos pais, a viver duas vidas, uma em Devon, a outra na Hungria. Mas à história de Beth junta-se a de Marika, com o abandono, a busca pelas suas raízes e o segredo guardado durante demasiados anos, o mesmo segredo escondido por David e que será, afinal, a razão de muitas das mágoas e mal-entendidos na história da família que formavam. E há ainda Tamás, o ponto de partida para a descoberta de um amor partilhado na inocência da juventude, assombrado pelo fantasma de uma vida falsa, parcialmente vivida na pele de alguém que nunca existiu. E Zoltán, a presença discreta e reconfortante numa vida que se encaminha para o caos.
Muitas vidas se cruzam neste livro, portanto, e não é de surpreender, com tantas histórias entrelaçadas ao longo do enredo, que haja alguns momentos mais pausados, principalmente no que toca às memórias da Erszi criança que vivia a felicidade dos primeiros verões num ambiente belo e novo - mesmo quando mal compreendia, mas não podia esquecer, as mágoas associadas. Mas, mesmo nesses momentos em que a história avança mais lentamente, a beleza da escrita mantém a envolvência e a vontade de ler mais. A fluidez das palavras, a suavidade com que as reflexões mais pessoais e os laivos de melancolia surgem numa narrativa que é, no essencial, um reflexo e uma memória da Beth adulta e que, por isso, reflecte em cada frase a sua nostalgia e a sua perda. Uma harmonia que torna mais próximas as personagens e que transmite, principalmente nos momentos mais intensos, a totalidade do impacto emocional vivido pelas próprias personagens.
Esta é, no fundo, uma história sobre as cicatrizes da vida, sobre as marcas deixadas pelas perdas e pelos enganos e a necessidade - mas também a dificuldade - de as superar. Belo e envolvente, com uma história comovente e um conjunto de personagens carismáticas e cativantes, este Álbum de Verão fica na memória bem depois de terminada a leitura. E é também aí que está a sua magia.

Novidade Quetzal

«É possível, num poema ou num conto, escrever sobre coisas e objectos quotidianos usando linguagem quotidiana mas precisa, e dotar essas coisas – uma cadeira, uma cortina, um garfo, uma pedra, os brincos de uma mulher – de um poder imenso, quase espantoso. É possível escrever uma linha de diálogo aparentemente inócuo e fazer com que essa linha provoque um arrepio na espinha do leitor  – a fonte de deleite artístico, como queria Nabokov. É esse género de escrita que me interessa. Detesto escrita confusa ou aleatória, seja ela experimentação ou simplesmente realismo desastrado. No maravilhoso conto ―Guy de Maupassant‖, de Isaac Babel, o narrador tem o seguinte a dizer sobre a escrita de ficção: ―Nenhum ferro pode trespassar o coração com tanta força como um ponto final no lugar certo.‖»

Raymond Carver nasceu no Oregon em 1938. Casou-se muito cedo, o que o obrigou a relegar a escrita para segundo plano para poder sustentar a família. Publicou regularmente em revistas. O livro que o consagrou foi De Que Falamos Quando Falamos de Amor, que, como se sabe hoje, é uma versão drasticamente editada de Beginners — o conjunto de contos originais que Carver apresentou à Alfred A. Knopf e que a Quetzal publicou com o título O Que Sabemos do Amor. Um dos maiores contistas norte-americanos do século XX, Raymond Carver foi também poeta e ensaísta, como o comprova esta edição portuguesa de Fires, Fogos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Templo dos Três Criadores (Filipe Cunha e Costa)

Lusomel é um imenso arquipélago, povoado por diferentes raças com diferentes deuses, mas com um trio de divindades comum a todos: os três criadores. A história dos seus deuses está relatada em dois livros sagrados: as Crónicas de Lusomel. Mas há um mito que diz que existe um terceiro volume para essa obra e, quando um elemento de uma raça amaldiçoada surge para revelar que uma grande mudança pode estar iminente, a missão de Denzil e dos seus companheiros torna-se imperiosa. É preciso descobrir se são verdadeiras as referências feitas pelo kriorn e, se assim for, é preciso encontrar o rasto das Crónicas de Xerba. Mas a jornada é longa e as dificuldades são muitas...
Com uma forte componente descritiva e um maior desenvolvimento a nível da caracterização do cenário e dos povos que o habitam, este é um livro que dificilmente será de leitura compulsiva. Desde as primeiras páginas que o leitor é apresentado a uma multiplicidade de lugares e de hierarquias, de raças com costumes e crenças divergentes e a exposição de todos estes elementos causa uma sensação inicial de estranheza. Além disso, esta caracterização sobrepõe-se, muitas vezes, ao desenvolvimento das personagens, o que leva a que, ainda que o sistema seja todo ele bastante interessante, o ritmo da narrativa seja bastante pausado e, numa fase inicial, um pouco distante.
Passada esta estranheza inicial e assimiladas as principais características do mundo apresentado no livro, a leitura torna-se mais cativante, quer pelo maior destaque dado às personagens - ainda que a componente descritiva continue a ser predominante - quer pelas surpresas no rumo dos acontecimentos. Denzil e os seus companheiros tornam-se mais familiares, ainda que as características que mais os definem sejam as suas fragilidades, e as atribulações no rumo da sua aventura proporcionam vários momentos interessantes e algumas situações surpreendentes. A história evolui, portanto, para um ritmo mais fluído que culmina numa fase final particularmente interessante e com uma conclusão que deixa muito em aberto e a curiosidade em saber mais.
Há algumas fragilidades a nível de escrita. Não sendo frequentes ao ponto de perturbar grandemente o ritmo de leitura, evidenciam, ainda assim, alguma distracção a nível de revisão, já que muitas das gralhas e erros de concordância (principalmente no uso do plural majestático) são relativamente fáceis de detectar. Para lá deste aspecto, a escrita é cativante quanto baste, ainda que parte da envolvência se perca nas longas exposições do contexto e do sistema, que talvez funcionassem melhor se apresentadas de forma mais gradual.
A impressão global que fica é a de uma história cativante, com um sistema interessante e vasto em potencial, que perde, é certo, parte da envolvência devido aos excessos descritivos e a algumas distracções de revisão, mas que consegue surpreender, nos melhores momentos, e despertar a curiosidade em saber o que virá depois. Um início interessante, portanto.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Números - Luta contra o Tempo (Rachel Ward)

Jem Marsh tem um dom. Ou uma maldição. Basta-lhe olhar para os olhos de alguém para ver o número correspondente à data da morte dessa pessoa. Soube o que significava esse número quando a própria mãe morreu e, desde então, guardou o segredo ao longo do duro percurso através de novas famílias de acolhimento e novas e complicadas vidas. Mas talvez tudo esteja prestes a mudar. No momento em que conhece Spider, Jem descobre, pela primeira vez, o que é ter um amigo. E quando, durante uma visita ao London Eye, o seu dom faz com que ela e Spider fujam do local poucos instantes antes da explosão de uma bomba, a sua posição torna-se na de alguém que sabe algo que não quer dizer. A solução é, inevitavelmente, fugir, mas durante quanto tempo poderão dois adolescentes manter-se escondidos quando todos os procuram? E mesmo que consigam, onde está a fuga para o número que anuncia a proximidade da morte?
O que primeiro chama a atenção neste livro é, desde logo, o conceito que lhe serve de base. A ideia de uma rapariga capaz de ver a data da morte dos que o rodeiam é, por si só, um ponto de partida com muito potencial, tanto a nível de contexto - os comos e os porquês dessa capacidade seriam algo de muito vasto para explorar - como de proximidade emocional. É, aliás, neste último aspecto que há um maior desenvolvimento, já que as reflexões de Jem sobre a mortalidade e a inevitável consciência resultante de ter uma lembrança dessa mesma mortalidade cada vez que olha para os olhos de alguém, levantam algumas questões interessantes. Ainda assim, o dom de Jem não é tão explorado como poderia, primeiro porque o livro se centra mais na acção e na fuga dos protagonistas e, depois, porque o ritmo acelerado da fase final - e o toque de ambiguidade na conclusão - acabam por deixar pouco espaço para grandes elaborações a nível de explicações e contextos. 
Fica, portanto, a sensação de que mais haveria a explorar nesse aspecto, . Ainda assim, há muito de interessante neste livro. A história central é a de Jem e Spider e da descoberta um do outro e, nesse aspecto, a situação dos protagonistas na sua fuga e na consequente necessidade de se apoiarem mutuamente serve de base a vários momentos marcantes, abrindo caminho para um final particularmente intenso a nível emocional e que marca principalmente por dar expressão a todas as questões acerca da mortalidade e da inevitabilidade do fim que, por vezes, ficam para segundo plano no desenvolvimento da história.
A escrita é bastante acessível, sem grandes elaborações e centrada na narração dos acontecimentos, e também a caracterização das personagens para lá dos protagonistas se resume, em grande medida, à interacção que estas têm com Jem e Spider. Há, ainda assim, o suficiente para despertar empatia, o que, associado aos momentos mais emotivos da relação entre os protagonistas, contribui também para a envolvência do enredo.
Trata-se, portanto, de uma leitura cativante, com uma premissa interessante e uma história cheia de acção, em que, ainda que alguns aspectos do contexto pudessem ter sido mais desenvolvidos, se destaca a jornada de descoberta e de aceitação dos protagonistas. A mensagem, no final de tudo, é positiva, e é também isso que marca nesta história.

Novidade Asa


No verão de 1977 o mundo de Victoria Leonard iria mudar por completo, quando Caitlin Somer a escolhe como amiga. A estonteante e aventureira Caitlin acolhe Vix no seio da sua grande e excêntrica família, abrindo-lhe as portas a um mundo de inimagináveis privilégios, arrastando-a para temporadas de férias em Martha’s Vineyard um local encantado onde as duas se tornam “irmãs de verão”.
Agora, anos mais tarde, Vix trabalha em Nova Iorque. Caitlin está prestes a casar-se na Vineyard. A magia que as unia durante a sua longa e complexa amizade quase desapareceu. Mas Caitlin implora a Vix que venha ao seu casamento para ser sua Madrinha. E Vix sabe que vai – porque quer perceber o que aconteceu naquele último e triste verão. E, ao fim de todos estes anos, ela precisa de saber se a sua melhor amiga, a sua irmã de verão, ainda tem o poder de lhe partir o coração.

Os vinte e três romances escritos por Judy Blume, incluindo os bestsellers do New York Times que foram Wifey e Smart Women, venderam mais de oitenta milhões de exemplares em todo o mundo e foram traduzidos para vinte e seis idiomas. Judy Blume passa os seus verões em Martha’s Vineyard com a família. Visite o sítio de Judy Blume em www.judyblume.com

terça-feira, 19 de junho de 2012

O Último Império (Tiago Moita)


No momento em que recebe a notícia da morte do avô, Inês Maia está longe de imaginar que esse acontecimento marca o início de uma drástica mudança na sua vida e no mundo. Mas Afonso Gonçalves tinha muito segredos, sendo o maior dos quais o estranho livro que deixa em herança à neta e que, aparentemente, só ela consegue ler. Nesse livro, esconde-se a razão para muitos dos grandes eventos do passado e a promessa do futuro despertar de um mundo de amor e igualdade. Talvez por isso haja muitos interessados em impedir Inês de cumprir o seu destino, já que é ela é a eleita e tem nas mãos a chave para dar início ao Quinto Império.
O mais interessante neste livro é, sem dúvida, a forma como o autor conjuga uma história cheia de acção e aventura com uma série de elementos históricos e mitológicos, num cenário em que um presente imaginário, traços da realidade e um possível futuro com bastante de preocupante se cruzam. Percorrendo diferentes momentos da História de Portugal, o autor cria situações inesperadas que acabam por servir de base para a história que é, afinal, o centro deste romance: Inês e a sua missão no despertar do Quinto Império.
Mas nem só de Inês e do passado vive a história. As personagens são muitas e cada uma delas tem uma história particular, sendo que, numa fase inicial, as várias linhas narrativas parecem não ter grande relação entre si. Ainda assim, a história nunca deixa de ser interessante, até pelas peculiaridades de algumas das figuras que a protagonizam, destacando-se, como não podia deixar de ser, o detective privado com alguns pontos em comum com Sherlock Holmes. Além disso, todas as possibilidades pelas quais a história se parece dispersar, no início, acabam por ter um ponto de união. Na fase final, tudo converge para um mesmo acontecimento. 
A nível de escrita, detectam-se alguns lapsos - principalmente gralhas e uma ou outra confusão no uso de algumas palavras - que, não sendo frequentes ao ponto de prejudicar muito o ritmo da leitura, são, ainda assim, evidentes. Apesar disso, o ritmo é agradável, com os capítulos curtos e a ausência de grandes descrições a manter a envolvência ao longo do enredo.
História, mitologia e misticismo, numa narrativa onde a acção e o mistério servem de base a uma aventura pelos meandros do mito do Quinto Império - e de como seria, talvez, se este se realizasse. Uma ideia interessante e uma leitura agradável. Gostei.

Novidades Bizâncio para Junho


Título: Cada dia É um Milagre
Autor: Yasmina Khadra
ISBN: 978-972-53-0506-5 Código de Barras: 9 789 725 305 065
Págs.: 304
Preço: Euros 11.79 / 12.50
Romance

Na sequência de um terrível drama familiar, e a fim de superar a sua mágoa, o doutor Kurt Krausmann aceita acompanhar um amigo às Comores. O seu veleiro é atacado por piratas ao largo do litoral somali, e a viagem «terapêutica» do médico transforma-se num pesadelo. Feito refém, espancado, humilhado, Kurt vai descobrir uma África de violência e de miséria insuportáveis onde «os deuses já não têm pele nos dedos de tanto lavarem as mãos». Com o seu amigo Hans e um companheiro de infortúnio francês, descobrirá Kurt a força necessária para superar esta provação? Oferecendo-nos esta viagem surpreendente de realismo que nos transporta, da Somália ao Sudão, para uma África Oriental alternadamente selvagem, irracional, circunspecta, orgulhosa, digna e infinitamente corajosa, Yasmina Khadra confirma mais uma vez o seu imenso talento de narrador. Construído e conduzido com mão de mestre, este romance descreve a lenta e irreversível transformação de um europeu, cujos olhos se vão abrir, pouco a pouco, para a realidade de um mundo até então desconhecido para ele. Um hino à grandeza de um continente entregue aos predadores e aos tiranos genocidas.

Um relato sublime sobre a perda e o poder de redenção.


Título: Chaplin: Os Primeiros Anos
Autor: Stephen Weissman
ISBN: 978-972-53-0505-8 Código de Barras: 9 789 725 305 058
Págs.: 304
Preço: Euros 11.79 / 12.50
Biografia

Nascido em Londres em 1889, Charlie Chaplin cresceu numa pobreza extrema. Os pais trabalhavam no mundo do espectáculo, mas cedo a próspera carreira do pai foi interrompida pelo alcoolismo, e a mãe, que adorava, perdeu a voz e depois enlouqueceu, com sífilis. Ainda com os pais vivos, Charlie foi entregue, com 7 anos, à Escola Hanwell para Crianças Órfãs e Desamparadas. Foi, segundo ele, o período mais infeliz da sua vida. Como conseguiu esta criança pobre, abandonada e tão desafortunada tornar-se um actor extraordinário, conhecido e célebre no mundo inteiro? Stephen Weissman examina, passo a passo, a vida de Chaplin e as origens do seu génio, mostrando como a sua trágica infância lhe moldou a personalidade e a arte. Mal afamado, devido às suas opções políticas e à sua escandalosa vida sexual — que Weissman contextualiza e analisa — Chaplin foi uma personalidade muito mais complexa e contraditória do que até agora se sabia. Weissman dá a conhecer quer a lenda do cinema, quer o turbulento período no qual Chaplin viveu e trabalhou.

Título: Central Tejo
Subtítulo: Imagens de um Tempo Ausente
Autor: António Paixão
ISBN: 978-972-53-0492-1Código de Barras: 9 789 725 304 921
Págs.: 256
Preço: Euros 33.02 / 35.00
Álbum

A protagonista de Imagens de um tempo Ausente, do fotógrafo António Paixão, é a Central Tejo, a fábrica de energia eléctrica da Junqueira, em Lisboa. A Central projecta-se por via da fotografia como um lugar presente, apesar da ausência de trabalho. É tempo e memória.
 - Jorge Custódio

Título: Como Fazer os Outros Gostar de Si
Subtítulo: em 90 Segundos ou Menos
Autor: Nicholas Boothman
ISBN: 978-972-53-0171-5Código de Barras: 9 789 725 301 715
Págs.: 184
Preço: Euros 7.08 / 7.50
Auto-ajuda

Como causar uma boa primeira impressão

Seja de joelhos a fazer uma proposta de casamento, nas vendas, na gestão, na procura de um novo emprego, na negociação, na apresentação de uma nova ideia, na candidatura a uma nova escola ou na entrada para um novo grupo, o segredo do sucesso baseia-se na capacidade de estabelecer relações com os outros. E a ideia mais poderosa para estabelecer novas relações é revelada, passo a passo, no programa inovador de Nicholas Boothman de sintonia planeada. De aprendizagem fácil, ajudá lo(a)-á a optimizar o momento mais importante de qualquer relacionamento
— aqueles primeiros 90 segundos.

Novidade Sextante


«Agradava-me a ideia de ser morto na China dentro de um junco ancorado, diante de um velho fotogénico, no meio de uma atmosfera chinesa saturada de maus cheiros, fumo e peixe frito, de tabaco, petróleo e água suja. Afinal fora para isso que eu  viera, para acabar com tudo, para estar algures fora de tudo e a tudo  pôr termo. Os médicos tinham‑me concedido pouco tempo antes do começo dos sofrimentos a sério. Eu tinha previsto abreviá‑los por mim mesmo, abreviar essas irreversíveis degradações do corpo.  Não é que ser assassinado por engano me fosse de todo indiferente. Claro que havia uma certa dose de injustiça nesta história toda, algo que à última hora me poderia ter deixado uma certa amargura.» 

Antoine Volodine  é o pseudónimo mais conhecido de um dos mais destacados escritores franceses contemporâneos. O seu romance  Des anges mineurs  foi galardoado em 2000 com o Prémio Inter. A sua identidade literária múltipla, com três heterónimos (Manuela Draeger, Elli Kronauer e Lutz Bassmann), cruza-se com uma obra misteriosa, de ressonâncias beckettianas, que aborda os males do nosso mundo em sociedades nebulosas e irreconhecíveis, onde é dada voz aos mortos e aos sobreviventes (ou resistentes). Quase quinze anos após a publicação de  Le port intérieur, livro ancorado nas mesmas paragens do mar da China, Antoine Volodine reencontra essa paisagem familiar: as ruelas escuras de Macau, a humidade sórdida, a noite onde monologam personagens ambíguas e sem futuro. E um novo livro, o seu primeiro em Portugal, se junta à vasta construção romanesca que encetou em 1985 e que conta hoje com mais de trinta títulos. 

Olivier Aubert  vive com máquinas fotográficas há cerca de vinte anos. Utiliza-as para fazer explorações, reportagens, inquéritos, retratos. Trabalhou até hoje numa trintena de países, uma grande parte dos quais em África e na Ásia. A sua obra está representada em numerosos museus franceses. 


Novidade Guerra & Paz


«Até o Secreto Coração do México» é a história verídica de duas jornadas paralelas, com cem anos de distância, ao coração da América Latina.

Em criança, Robin Bayley vivia fascinado com as histórias que a avó lhe contava das aventuras mexicanas do pai, onde entravam bandidos, excursões à selva, sacos escondidos cheios de moedas de prata e o dia em que o pai escapou, por um triz, à Revolução Mexicana. 
Convencido que faltava um pedaço qualquer às histórias da sua infância, Robin abandonou a sua vida bem-sucedida no sector dos Média para reconstituir os passos do bisavô.
Nesta aventura pelo México, Robin encontra feiticeiras, traficantes de droga e um ex-nazi, negociante de diamantes. Sofre ameaças de deportação, recebe protecção de guerrilheiros Colombianos, apaixona-se e quase desiste da sua busca, até que a sensação de destino o impele a percorrer o Oeste do México e descobrir muito mais do que esperava. 

Robin Bayley nasceu em casa da sua avó, em pleno North Yorkshire, no Reino Unido. Cresceu em Sheffield e, depois de concluir os estudos, mudou-se para Londres, onde trabalhou em publicidade e programas infantis de televisão. Bayley deixou por duas vezes a carreira profissional para viajar e seguir a sua musa. «Até ao Secreto Coração do México» é o fruto dessas viagens. O autor vive em Londres e está a escrever o seu segundo livro.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Alma Rebelde (Carla M. Soares)

Joana é a filha de um homem abastado, que deseja estabelecer ligações à nobreza e que, por isso, decide oferecer a filha em casamento ao herdeiro de uma família de sangue nobre numa situação financeira precária. Preparada desde cedo para uma vida em que a sua vontade não conta, Joana tenta esperar o mal menor e acreditar que o futuro marido conseguirá manter com ela uma relação de cordialidade, pois sabe que há casamentos que escondem uma verdadeira vida de tortura. Mas Santiago é tudo, menos o que Joana esperava. Impulsivo, pouco preocupado com as regras da sociedade e incapaz de conter a mesma rebeldia que Joana aprendeu a esconder dentro de si, Santiago revela-se não só como o exacto oposto do esperado, mas também uma personalidade fascinante e um homem determinado a fazer do seu casamento mais que o negócio que começou por ser.
Do muito de bom que há para dizer sobre este livro, o primeiro aspecto que se destaca é, desde logo, a escrita. Fluída e envolvente, com momentos quase poéticos a contrastar com a simplicidade que certos momentos exigem e permitindo uma visão bastante clara dos pensamentos e das emoções dos protagonistas, a narrativa flui com naturalidade, criando empatia ao mesmo tempo que apresenta, gradualmente, as personagens e a história que têm para viver.
Também na história há muito para descobrir. A situação de Joana e Santiago, enquanto peças complementares dum negócio imposto pela família, levanta uma série de questões interessantes, desde o papel da mulher na sociedade da época à impotência de um filho, mesmo se adulto e consciente, ante a vontade de um pai que é dono e senhor de todo o património familiar. E, destas questões maiores, surgem aspectos mais pessoais, principalmente no caso de Joana. Hesitante, insegura ante o novo mundo que a espera e com uma compreensível tendência para sofrer por antecipação, a sua posição entre a rebeldia e o medo acaba por reflectir uma inesperada posição de força, numa situação em que coragem é aceitar o inevitável e encontrar a melhor forma de viver com isso.
Todos os acontecimentos ao longo da narrativa têm algo de interessante, quer no que diz respeito aos preparativos e às circunstâncias do casamento, quer na situação bastante mais complicada em que os protagonistas se encontram já numa fase mais avançada do enredo. Ainda assim, se há um ponto forte que sobressai sobre todo o resto, é a caracterização dos protagonistas e o evoluir da relação entre ambos. É fácil criar empatia tanto com Joana como com Santiago, ainda que o papel deste último lhe permita expressar mais livremente valores e convicções. Além disso, é curioso o contraste e o choque que se cria quando os temperamentos de ambos colidem, quando, no essencial, ambos se movem pelas mesmas razões. Enquanto figuras individuais, tanto Joana como Santiago têm o carisma que apela à proximidade. Enquanto casal, o crescimento gradual - e atribulado - da relação entre ambos é cativante e enternecedor. Do final, fica a impressão de uma conclusão mais que adequada e, ao voltar da última página, uma certa saudade das personagens.
Envolvente, belo na escrita e na narrativa, com as medidas certas de emoção e um conjunto de personagens carismáticas e fascinantes, este é um livro que conjuga as medidas certas de leveza e de complexidade, numa história de amor tocante e surpreendente, e toda ela de momentos muito bons.