segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ampulheta (Claudia Gray)

Depois de uma fuga apressada e na sequência do incêndio que destruiu parte da Academia Evernight, o único refúgio que Bianca e Lucas conseguem encontrar é junto dos caçadores da Cruz Negra. Mas esse é também um lugar perigoso, principalmente para alguém como Bianca. Se algum dos caçadores descobrir a sua verdadeira natureza, tanto a sua vida como a de Lucas podem estar em perigo. Assim, Bianca tenta esconder as suas necessidades particulares, enquanto se adapta ao treino da Cruz Negra e espera por uma possibilidade de fugir novamente. Mas os vampiros continuam à sua procura e a sua própria natureza torna-se cada vez mais exigente. O segredo de Bianca não permanecerá oculto por muito tempo...
Um dos pontos que mais se evidencia neste livro é uma tendência que já se começava a notar em Sangue Gelado, o volume anterior: o lado romântico do enredo passa cada vez mais para segundo plano relativamente às circunstâncias do que está a acontecer, quer na vida de Bianca, quer no conflito entre os vampiros e a Cruz Negra - e até entre diferentes tipos de vampiros. Lucas e Bianca continuam a ser o ponto central da narrativa - que é, aliás, contada do ponto de vista de Bianca - mas a sua relação evoluiu para algo mais estável e sereno e, portanto, a história centra-se menos no crescimento e nas tribulações da relação, e bastante mais na acção.
É, na verdade, o ritmo de acção quase constante, em que basta um momento para que tudo mude e várias surpresas tomem forma no rumo dos acontecimentos o que faz desta história uma leitura viciante. A tensão resultante de estar escondida entre inimigos, a necessidade de agir quando um amigo se vê em circunstâncias muito delicadas, mas sem pôr em causa os seus segredos, as pequenas trangressões que resultam em graves consequências e, ainda, a mudança completamente inesperada na fase final do enredo... Há sempre algo de novo a acontecer. Não há momentos parados ao longo da história e o estilo de escrita directo adapta-se na perfeição ao ritmo compulsivo de acontecimentos em que a acção é o ponto predominante e a emoção surge como o complemento ideal. O romance está lá, mas numa vertente mais serena, mais discreta, como o afecto que conforta num caminho de dificuldades.
Há também alguns desenvolvimentos interessantes a nível da natureza das forças em conflito. O tempo passado entre a Cruz Negra permite ter uma visão mais clara do seu funcionamento. A interacção com o bando de Charity revela as diferenças que existem no seio dos vampiros. E as revelações feitas na fase final, acerca dos espectros, permitem ver também estas entidades de uma nova perspectiva. 
Ficam ainda muitas perguntas sem resposta, até porque a história termina num ponto de grande intensidade e que deixa muitíssimo em aberto para o que poderá acontecer no último volume. Mas, de ritmo viciante e com uma história que tem vindo a crescer a cada novo volume, esta série atinge, neste livro, o equilíbrio adequado entre o desenvolvimento da relação entre os protagonistas e o papel destes num conflito mais vasto.
Trata-se, portanto, de uma história surpreendente e de leitura compulsiva, com um ritmo de acção constante, mas com a medida certa de emoção, e um conjunto de personagens que se tornam cada vez mais interessantes à medida que os seus conflitos se encaixam nos problemas do mundo que os rodeia. Muito bom.

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