terça-feira, 14 de maio de 2013

Novidade Sextante


Em todas as narrativas a casa veste os seus habitantes, domina-os, controla-lhes a vida e, um dia, despede-se deles. Pode parecer que são eles a tomar a decisão de a abandonar, mas na verdade é a casa que os expulsa. Quebram-se os laços antigos de cumplicidade, de confiança, de afeição, de memória. Desmaterializa-se o espírito dos lugares. Apagam-se as luzes, fecham-se as portas. Tudo é varrido pelo fogo e pelo vento. Um amor melancólico definha em cada vida, e nada o vem substituir. A casa simboliza o refúgio do eu mais profundo, a casa é a floresta das almas. A casa é a província, o lugar fechado dos enredos, o cenário breve das vidas, onde tudo tende à decomposição.

Laura Mónica Bessa-Luís Baldaque nasceu no Douro, no lugar de Godim, Peso da Régua, a 13 de maio de 1946, concluiu o curso superior de pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1970, enveredando pela Museologia. Conservadora dos museus municipais do Porto desde 1975, foi nomeada pelo Ministério da Cultura para ocupar o cargo de directora do Museu Nacional de Literatura e posteriormente do Museu Nacional Soares dos Reis. Tem uma vasta obra na pintura de retrato e de paisagem. A escrita surge como a forma natural de unir um pensamento e duas linguagens – pintura e escrita. O Douro é sempre o imaginário inesgotável das suas reflexões e do seu trabalho. Entre outros livros, ilustrou Vento, areia e amoras bravas e Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís, e participou na ilustração do livro Depois de ver, de Pedro Tamen.
Publicou Do outro lado do quadro (Asa, 2000), A folha do limoeiro (Asa, 2005), O olhar do lobo (Campo das Letras, 2003), Pequeno Alberto, o pensador (Babel, 2010), e Contos sombrios (Babel, 2011).

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