terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Outra Face (Bárbara Salas)

Pamela Montenegro é uma mulher rica, poderosa e sem preconceitos, habituada às maiores aventuras e sem qualquer apego ao afecto. Mas tudo muda no momento em que se cruza com Rafael. Modesto funcionário de uma loja de telemóveis, dificilmente poderia ser mais diferente de Pamela. Ainda assim a atracção é imediata e basta um encontro para que ambos se sintam prontos a embarcar numa aventura de sensualidade sem reservas. O problema é que ambos querem coisas diferentes da relação que mantêm. E, mais que todas as diferenças de estatuto, pode bem ser isto a despoletar a separação.
Sendo este livro apresentado como um romance erótico, não é difícil deduzir que a atracção e o sexo terão um papel dominante ao longo do enredo. Ainda assim, há uma história associada a estes aspectos e o que mais cativa neste livro é precisamente o facto de tentar criar vidas e histórias para as personagens, para lá do que têm um com o outro (e não só). A premissa da mulher poderosa e da partida para a aventura é cativante quanto baste e há, de facto, alguns momentos bastante bem conseguidos. Além disso, a linha geral dos acontecimentos é interessante.
Mas há algumas fragilidades evidentes. A primeira prende-se, desde logo, com a revisão pouco cuidada, já que é difícil entrar no ritmo da leitura quando há frases estranhas, mudanças confusas de tempos verbais e inclusive alguns erros ortográficos. Não são, ainda assim, suficientes para prejudicar por completo a leitura.
O problema é que há outras questões. Tudo sucede demasiado depressa, o que leva a que muitas situações pareçam demasiado forçadas. O mesmo acontece com os diálogos, com a repetição de algumas expressões e a improbabilidade de outras a criar uma sensação global de estranheza. A leitura mantém-se cativante quanto baste para querer saber o que acontece a seguir, mas torna-se difícil projectar como real o que está a ser relatado. Além disso, alguns excessos descritivos no visual das personagens tornam certos momentos um pouco cansativos.
A impressão que fica é, assim, a de uma ideia interessante e de uma história que consegue ser de leitura agradável. Mas também de um enredo que, com um maior desenvolvimento e uma revisão mais atenta, poderia ser bastante mais cativante. E é isso, principalmente, que falta.

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