terça-feira, 17 de setembro de 2013

Um Desastre Maravilhoso (Jamie McGuire)

Abby Abernathy está à procura de um recomeço. Virou costas ao passado e decidiu recomeçar uma nova vida na Eastern, uma vida onde ninguém a reconheça senão como a rapariga ajuizada que pretende ser. Mas tudo isso muda no momento em que conhece Travis Maddox. Mulherengo, temperamental, descontrolado, ele é tudo o que Abby queria deixar para trás, mas há algo que a atrai. E, pior que isso, também ele sente a mesma atracção. Disposto a mudar tudo por ela, mas sendo quem é, Travis fará de Abby a sua obsessão. E ela fará o mesmo. Mas a relação de ambos pode ter tanto de belo como de desastroso, e é certo que abalará aqueles que os rodeiam.
Este é um livro que desperta sentimentos contraditórios. Com momentos de grande intensidade e até alguns laivos de ternura, mas também com situações irritantes e comportamentos revoltantes, alimenta sempre a curiosidade em saber o que acontecerá a seguir, ao mesmo tempo que cria apreensões e sentimentos de distanciamento relativamente às personagens. O resultado é uma leitura viciante, mas de emoções ambíguas, e, por isso mesmo, difícil de classificar.
O mais contraditório está precisamente na caracterização das personagens. Tanto Abby como Travis têm elementos no passado capazes de gerar empatia e algumas ligações no presente capazes de tocar. Mas o que são um para o outro é, por vezes, demasiado exagerado. É difícil assimilar o tipo de relação que se estabelece entre ambos, quando os momentos que mais sobressaem são de agressividade ou de demasiada indecisão. Não é que os protagonistas não tenham qualidades. Elas estão lá, mas acabam por se perder entre o dramatismo das situações de tensão e uma relação de dependência excessiva.
Felizmente, há outros factores a compensar estas características. Elementos como a questão do passado de Abby, a relação de Travis com a família e a relação entre America e Shepley vêm introduzir algum equilíbrio na narrativa, despertando curiosidade para situações para lá da relação disfuncional dos protagonistas. Isto, associado à escrita que, apesar de bastante simples, não deixa de ser cativante, mantêm viva a curiosidade em saber mais, mesmo perante os momentos menos bons.
O resultado de tudo isto é um livro de contradições. Cativante, viciante, até, consegue ter momentos tocantes e alguns elementos envolventes, mas perde um pouco pela estranheza que envolve toda a relação entre os protagonistas. Ainda assim, o ritmo agradável e os elementos para lá dessa relação, conseguem manter a fluidez da leitura. Que acaba por ser, apesar dos seus pontos fracos, cativante e agradável quanto baste.

1 comentário:

  1. Consegues descrever o que senti a ler este livro Carla!!! Não consigo é escrever como tu.. lol :)

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