sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma Família Feliz (David Safier)

Paz e harmonia não fazem parte dos horizontes da família Von Kieren. Emma, a mãe, está em dificuldades com a sua livraria infantil, prestes a falir. Frank, o pai, não vê senão o trabalho e o cansaço que dele resulta. E quanto a Ada e Max, os filhos, têm os seus próprios problemas e a única coisa que querem é aturar os pais. Mas tudo muda no momento em que, depois do que devia ter sido uma saída em família e acabou em mais uma discussão, a bruxa Baba Yaga surge e, com uma maldição, os transforma em monstros. À falta de melhor, os Von Kieren parecem ter agora um objectivo em comum: encontrar a bruxa e obrigá-la a anular a maldição. Mas isso não será nada simples...
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é que, apesar de apresentar um enredo muitíssimo improvável, a conjugação de todos os elementos - bizarria, humor, estranheza e uma certa medida de emoção - tem tudo para resultar numa leitura viciante. Leve e descontraída, a história dos Von Kieren define-se pelos muitos momentos divertidos e caricatos que protagonizam, mas também, e acima de tudo, pelo que são enquanto família. E a fusão destes dois aspectos, o surreal e o universal, é, sem dúvida, um dos grandes pontos fortes deste Uma Família Feliz.
Parte do que torna esta história peculiar diz respeito também à sua base sobrenatural. Desde a maldição de Baba Yaga aos planos do príncipe Drácula, passando, é claro, pelas mudanças operadas nos próprios Von Kieren, há toda uma diversidade de elementos sobrenaturais que vão sendo desenvolvidos ao longo do enredo. Neste aspecto, é interessante notar que, apesar desta diversidade, que vai desde as múmias aos vampiros, passando pelos lobisomens e pelo próprio monstro de Frankestein, há uma certa harmonia entre os diferentes elementos, talvez porque não há uma necessidade de caracterizar ou justificar em detalhe o que define cada criatura, mas antes uma base de relações curiosas, que englobam tanto o lado sobrenatural como o simplesmente humano.
Mas o essencial é o humor. E é precisamente neste aspecto que as melhores qualidades da história sobressaem. Seja nos episódios caricatos, seja nos diálogos mais surpreendentes, seja ainda na forma como o lado sério da história se insinua através dos muitos momentos divertidos, há, ao longo de todo o enredo, um equilíbrio entre elementos - humor, emoção e acção quanto baste - que facilmente vicia. 
O resultado de tudo isto é uma história leve e divertida, com tanto de caricato como de cativante e com uma muito bem conseguida relação entre os elementos sérios  e o humor resultante das muitas peculiaridades do enredo e das personagens. Muito bom, em suma.

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