quarta-feira, 23 de julho de 2014

Anjos Rebeldes (Libba Bray)

De volta à Academia Spence, Gemma procura lidar com o que descobriu sobre si mesma e sobre o poder que lhe corre no sangue. O que descobriu até àquele momento já lhe trouxe perdas e perigos, e Gemma sabe que esse caminho está longe de acabar. Para já, ela e as amigas parecem ter regressado à normalidade possível. Mas temporária, pois não tarda a que as visões que a atormentam voltem a despertar na mente de Gemma. E, com elas, a consciência de que a sua missão não está cumprida. É preciso voltar aos Reinos e vincular a magia, ciente de que nem todos os que dizem estar do seu lado são de confiança... e que o que procura, tal como o perigo, pode estar onde menos espera.
Dando continuidade à aventura iniciada em Uma Grandiosa e Terrível Beleza, Anjos Rebeldes retoma a história no que parece ser um período de acalmia, mas também de preparação para grandes mudanças. Este ponto de partida permite, em primeiro lugar, recordar algumas ligações do volume anterior, mas também regressar tranquilamente ao ambiente que serve de base ao enredo. Além disso, e sendo o livro narrado na primeira pessoa, este início mais calmo, mas com alguns pequenos mistérios, abre caminho para uma evolução em que as coisas se tornam cada vez mais intensas - e a leitura cada vez mais viciante.
Um outro ponto forte deste livro é o contraste que se estabelece entre os Reinos e a vida "real" de Gemma e das amigas, com pontes a surgirem entre ambos e a criarem ligações mais complexas. Isto é particularmente interessante tendo em conta que a autora escreve num estilo relativamente simples, em que os elementos de contexto vão sendo apresentados à medida que são necessários. O resultado, é um cenário fácil de assimilar, uma vez que é desenvolvido gradualmente, mas de uma surpreendente complexidade.
Quanto ao desenvolvimento das personagens, sobressai a capacidade da autora de conjugar a volatilidade das relações entre algumas personagens com elos capazes de reforçar as verdadeiras ligações. Felicity acaba por ser o máximo exemplo disso, com a sua forma de estar algo egocêntrica a esconder um percurso de vida bastante mais complicado do que seria de prever.
Por último, quanto à questão da magia, que acaba por ser, afinal, o centro do grande mistério, nem todas as revelações são assim surpreendentes, mas todas fazem sentido. E é por isso que, mesmo que já se tenham adivinhado algumas das respostas dadas no final, a conclusão que a autora constrói para a sua história acaba ter, ainda assim, um grande impacto, deixando muita curiosidade quanto ao que acontecerá no último volume desta trilogia.
Intenso e cativante, com um cenário muito bem desenvolvido e um registo que, simples e envolvente, surpreende pelo impacto dos grandes momentos e das maiores emoções, Anjos Rebeldes está, portanto, à altura das expectativas criadas pelo primeiro volume. De leitura viciante, repleto de magia e com umas quantas surpresas, um livro muito bom.

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