sexta-feira, 2 de março de 2018

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Esta é a história de Gonçalo Mendes Ramires, um dos grandes heróis queirosianos. Último descendente de uma antiga família aristocrática, cujas origens remontam aos tempos dos reis suevos, carrega em si o peso dos gloriosos feitos dos seus antepassados. Contudo, não consegue ombrear com essa memória.
Empobrecido, com um carácter hesitante e fraco que o aprisiona e humilha, sonha libertar-se. Gonçalo quer viver, criar obra, honrar a história familiar.
Entrecruzam-se na narrativa dois tempos: o passado, o romance dentro do romance, cujo autor é o próprio Gonçalo, verdadeira reflexão sobre a literatura e a criação literária, e o presente da acção, triste e cabisbaixo, onde a mesquinhez e o provincianismo imperam, contrastando com a valentia de outras épocas.
A pena de Eça, de uma prosa perfeita e ironia acutilante, demorou mais de sete anos a escrever A Ilustre Casa de Ramires. Todo este labor resultou num livro que é um monumento à língua portuguesa, um clássico absoluto. A sua leitura, mais do que um prazer, é uma obrigação.

Eça de Queiroz. Nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim. Por não ser reconhecido pela mãe, viveu até aos 4 anos em Vila do Conde, com a madrinha. Em 1849, os pais casaram-se e Eça mudou-se para casa dos avós paternos, em Aveiro. Só aos 10 anos regressou ao Porto e se juntou aos pais. Concluídos os estudos liceais no Colégio da Lapa, ruma a Coimbra em 1861 para cursar Direito. É aí que conhece Antero de Quental e Teófilo Braga. Já formado, vai de malas e bagagens para Lisboa em 1866, e é na capital que se dedica à advocacia, mas também ao jornalismo, dirigindo o Distrito de Évora e publicando folhetins na Gazeta de Portugal, que seriam reunidos anos mais tarde em Prosas Bárbaras.
Depois de viajar pela Palestina, Síria e pelo Egipto e assistir à inauguração do Canal do Suez, em 1869 – viagem que desaguaria, mais tarde, em títulos como O Egipto e A Relíquia – envolve-se nas Conferências do Casino e começa a espalhar As Farpas, em 1871, um ano depois de ter publicado O Mistério da Estrada de Sintra, no Diário de Notícias, ambos a quatro mãos, com Ramalho Ortigão.
Ingressa depois na carreira diplomática, e é em Leiria, como administrador do concelho, que escreve O Crime do Padre Amaro. Entre 1873 e 1875, exerce o cargo de cônsul em Havana, Cuba, e é depois transferido para Inglaterra. Durante os dois anos que se seguem, envia textos de Bristol e Newcastle para a imprensa nacional e brasileira, inicia a escrita de O Primo Basílio e faz os primeiros esboços para Os Maias e O Mandarim. Regressa à pátria com 40 anos e casa-se, em 1886, com Emília de Castro Pamplona, onze anos mais jovem. Em 1888, é enviado para o consulado de Paris. Segue-se a publicação d’Os Maias e, nos periódicos, d’A Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.
Fundador da Revista de Portugal, de que é também director, visita frequentemente o país, aproveitando as estadas para jantar com os Vencidos da Vida. É no Paris de Jacinto, de A Cidade e as Serras – título que, como muitos da sua obra, só viria a ser publicado postumamente –, que vem a falecer a 16 de Agosto de 1900, vítima de doença prolongada.

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