sexta-feira, 11 de maio de 2018

A Conspiração do Rei (Emílio Miranda)

Tudo começou na fatídica sexta-feira 13 em que a conspiração de Filipe, o Belo desencadeou o que viria a ser o fim da Ordem do Templo tal como até então era conhecida. Ainda assim, e apesar de todo o poder investido nesse plano, não seria assim tão simples derrubar uma ordem tão poderosa como os Templários. Parte dos segredos pode ter sido revelada - mas outros perduraram ao longo de séculos. E agora, quando uma nova investigação ameaça trazer à superfície esses segredos, há quem esteja disposto a tudo para lhes deitar as mãos - ou para evitar que sejam descobertos. No centro de tudo, está Júlio Pomar, um jovem arqueólogo fascinado pelos Templários, que, chamado à cena pelo seu antigo mentor, se vê envolvido numa delicada situação... Pois as respostas podem estar mais perto do que julga, mas não estão certamente desprotegidas.
Misturando conspirações, elementos históricos e até uns quantos laivos de poesia, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela aura de mistério que parece envolver toda a narrativa. Ao percorrer diferentes pontos temporais, acompanhando também diferentes personagens, o autor traça ligações possíveis entre mistérios passados e hipóteses presentes, além de, principalmente na primeira parte, despertar algumas emoções fortes. E ao dar ao mistério a companhia do perigo faz com que os momentos mais intensos ganhem um muito maior impacto.
Por outro lado, fica uma certa ambiguidade. Se, na primeira parte, a empatia e o interesse no bem-estar de uma das personagens é quase irresistível, as mudanças sucessivas, acompanhadas do desaparecimento de algumas das figuras mais marcantes, parecem criar uma maior distância. E, ao fundir os tais elementos de vários géneros, abrindo espaço às longas divagações do protagonista, por um lado, e deixando em aberto as respostas sobre outros aspectos do enredo, surge também uma sensação de curiosidade insatisfeita, pois nas várias facetas - na investigação, no elemento histórico e nas relações pessoais - fica a ideia de que haveria mais a contar.
Há, ainda assim, muito de interessante para descobrir nesta leitura, a começar, desde logo, pelos elementos históricos e simbólicos associados aos Templários que, apresentados ao longo da narrativa, parecem definir uma presença muito forte em todo o livro. Além disso, e apesar das pontas soltas, a verdade é que não faltam momentos intensos ao enredo e as situações de perigo mantêm viva a curiosidade mesmo nos momentos em que não é propriamente fácil simpatizar com as personagens.
A impressão que fica é, pois, a de uma certa ambiguidade, face à estranheza de alguns aspectos deixados por aprofundar. Mas, principalmente, a envolvência de uma leitura cativante, agradável e com uma base histórica bastante interessante. Gostei, em suma.

Autor: Emílio Miranda
Origem: Recebido para crítica

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